sexta-feira, 24 de agosto de 2007

«Acção Social não interessa ao Capital»


Esta era uma das principais palavras de ordem nas manifestações de estudantes de alguns anos atrás. Ontem o Primeiro-Ministro veio anunciar a criação de empréstimos bancários aos estudantes do ensino superior. A velha palavra de ordem ganhou nova actualidade.

Promete-se que a acção social escolar não será alterada por este novo esquema. O problema é exactamente esse! A acção social no ensino superior, com a excepção das cantinas, quase não existe. São muito poucos os estudantes que beneficiam das miseráveis bolsas ou das escassas residências universitárias. O novo esquema de empréstimos pretende cobrir este enorme vazio. Os bancos esfregam as mãos com um esquema que terá o Estado como «financiador de último recurso». A renda está assegurada para o sistema financeiro. Os jovens, por sua vez, terminarão o seu curso endividados até à medula. E já se sabe. O crédito é um formidável instrumento disciplinador. Os jovens entrarão no mercado de trabalho numa posição ainda mais vulnerável do que a actual.

Esta medida, associada à promulgação do infame RJIES, configura mais um passo na privatização do ensino. Este deixa de ser universal e gratuito (um bem público), para ser o privilégio dos que o podem pagar, segundo as leis do mercado.

1 comentário:

Lester Burnham disse...

Para quem se apresenta como "economista" fazes um grande erro ao apresentar a definição de bem público como bem universal e gratuito.

À falta de melhor bibliografia fica a wikipédia:

http://en.wikipedia.org/wiki/Public_good