quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O mito do comércio livre (I)

Se há ideia que qualquer análise histórica séria pode ajudar a desfazer é a de que o comércio livre é o meio universal para os países pobres atingirem patamares de desenvolvimento superiores. De facto, a experiência da maioria dos países que são hoje desenvolvidos mostra-nos que a existência de mecanismos nacionais de protecção em relação à concorrência internacional é um elemento importante do cardápio das políticas de desenvolvimento.

Os EUA no século XIX ou a Coreia do Sul e Tawain no século XX , entre outros, aí estão para o demonstrar. Como afirma Ha-Joon Chang, num importante debate em curso no Financial Times a propósito do seu último livro (em breve farei referência a ele), nem todas os países que usaram o proteccionismo foram bem sucedidos, mas quase todos os países bem sucedidos economicamente usaram o proteccionismo. De facto, os países não se tornaram ricos por causa do comércio livre, mas antes adoptaram o comércio livre (quando o fizeram!) a partir do momento em que se tornaram ricos (também Chang). «O comércio livre é o proteccionismo dos mais fortes» (F. List). Sem dúvida.

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