sábado, 20 de outubro de 2007

Dignidade e democracia


«Aos trabalhadores portugueses têm sido pedidos sacrifícios e mais sacrifícios com a promessa de crescimento económico e de desenvolvimento do país. Daí tem resultado perda de salários reais para grande parte dos portugueses, o acentuar de desigualdades, o aumento da pobreza, roturas de coesão social, territorial e na igualdade de oportunidades, o aumento do desemprego e das precariedades no trabalho (...) Comprova-se que o trabalho da Comissão visa abrir a porta a uma revisão ainda mais gravosa do Código do Trabalho (...) Trata-se do primeiro passo para a introdução em Portugal apenas da vertente flexibilidade (mais precariedade e menos direitos) que integra o conceito da flexigurança como já denunciaram alguns dos poucos membros da Comissão que são sérios especialistas do trabalho que, entretanto, se demitiram. Quanto à vertente do conceito segurança que se deve traduzir numa justa organização e retribuição do trabalho e na protecção do emprego, factores que constituem a base do Estado Social e da coesão das sociedades europeias mais desenvolvidas, o que temos assistido é a cortes sucessivos que reduzem os direitos e a protecção dos trabalhadores, nomeadamente na segurança social, na saúde, no ensino e na qualificação, no acesso à justiça».

Excertos do importante discurso de Manuel Carvalho da Silva perante mais de duzentas mil pessoas. Há um país que não se resigna a este lenta e deliberada corrosão do laço social. Como sempre é dele, da sua força, das suas boas razões e do seu crescimento, que depende o essencial.

1 comentário:

Filipe Castro disse...

Portugal está a saque. O pobres mais pobres, a classe média a pagar as contas todas e os ricos a comprarem avioes a jacto.