terça-feira, 9 de outubro de 2007

O homo economicus é um macaco?

O «jogo do ultimato» é um exemplo clássico da economia experimental. Um primeiro jogador fica com a responsabilidade de propor a partição a fazer de um determinado montante. Se o segundo jogador recusar a oferta, ambos ficarão sem nada.

Segundo o modelo teórico do Homo economicus (racional, maximizador e egoísta), apanágio dos modelos da economia ortodoxa, o segundo indivíduo aceitará sempre qualquer oferta maior que zero. Pouco é melhor do que nada. Os resultados variam consoante o contexto social e cultural - ver este livro sobre um estudo em quinze diferentes sociedades. No entanto, contrariamente ao «esperado» pela teoria económica, os indivíduos recusam ofertas menores do que 20%, e quem faz a repartição oferece normalmente valores iguais ou próximos da metade. Ou seja, os indivíduos no seu comportamento não seguem somente o seu interesse próprio. As considerações morais - de justiça, neste caso - pesam nas decisões dos agentes económicos e devem, por isso, ser integradas no estudo do seu comportamento.

No entanto, quando pensava que o Homo economicus não passava de uma abstracção sem sentido, fiquei a saber que este estranho homem existe realmente. Acontece que não é bem um homem, mas sim um hominídeo. Um artigo da The Economist sobre o comportamento dos chimpanzés, tendo como pano de fundo a discussão em torno do «jogo do ultimato», explica que estes primatas, ao contrário dos humanos, têm um comportamento puramente egoísta quando confrontados com uma versão adaptada do jogo.

3 comentários:

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tiago disse...

Um pequeno pormenor:

os chimpanzés não são hominídeos...

Joao Augusto Aldeia disse...

Acho difícil que um qualquer ser vivo que cuide das crias possa ter um comportamento puramente egoísta. Claro que se pode dizer: bem, é egoísta em função (em defesa) da família, como modo de assegurar a descendência, portanto trata-se apenas de uma forma sofisticada de egoísmo. Mas esse argumento pode ser usado para todo o tipo de ajuda ao próximo: ajuda-se um desconhecido para que o grupo subsista e assegure a descendência. Creio que há muito de tautológico nestas deficições de egoísmo/altruísmo.