sábado, 22 de dezembro de 2007

Dinheiro que é mesmo melhor que dinheiro

Continuam as revelações das sórdidas acções no banco de «referência» do hipertrofiado
capitalismo financeiro português (BCP). Na direita intransigente reina um silêncio ensurdecedor. Se calhar pode estar em jogo a viabilidade das suas aventuras editoriais. Será que vão dizer que é mais uma «campanha de informação e desinformação»? Mas vamos ao que interessa. E o que interessa é que quando as coisas apertam se recorre ao tão famigerado Estado e aos «politizados» recursos humanos das suas empresas públicas: «actual presidente da Caixa Geral de Depósitos está disponível para liderar a próxima equipa de gestão do Banco Comercial Português». A confiança é um activo que, em momentos de crise, só o Estado parece garantir. Ainda bem que temos a CGD. Esta crise, provocada pela ganância, que agora se suspeita criminosa, da administração do BCP, tem pelo menos uma vantagem: contribui para minar a fé na bondade ilimitada da empresa privada sem adequado escrutínio público. Pena é que as autoridades de supervisão e de regulação tenham andado tanto tempos distraídas. Vítor Constâncio ainda vai ter muitas explicações para dar. Aguardemos serenamente. Entretanto, na liberal Grã-Bretanha, o cenário da nacionalização do Northern-Rock parece cada vez mais inevitável. A crise, sempre a crise, a revelar a falência de todos os projectos de capitalismo puro.

4 comentários:

Anónimo disse...

Bom post.

Burial

Tonibler disse...

Esses casos demonstram, ao contrário do que dizes, que o capitalismo funciona e que o Constâncio tem a utilidade do penteado do Nuno Gomes.

Pata Negra disse...

Pois é,menos estado, deixe-se o mercado livre enquanto ele der lucro, quando ele deixar de dar, venha cá mais estado para aguentar o barco!
Constâncio?! Explicar?! Não tarda muito estará no seu monte a gozar a reforma dourada!

Anónimo disse...

Mas alguém duvidou alguma vez que "o Estado é o Estado da classe dominante"? Variam os modos da respectiva articulação; as autoridades de supervisão e regulação - quando funcionam - constituem apenas um refinamento de um jogo que já vem de longe... Só "vai no bote" quem quer; e quem quer está no seu direito... até ver! Pelos meus cálculos, uns aninhos ainda...

Vitor Correia