quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Estado Social Norte-americano

Migas, do Insurgente, argumenta que não tenho razão quando, neste post, referi o desmantelamento do Estado Social empreendido durante os anos Clinton. O argumento é simples: a despesa social nos E.U.A. não só não diminui, como tem vindo a aumentar nos últimos anos - até tem um gráfico (com a despesa a preços correntes . . .) como ilustração. No entanto, o argumento não resiste a um olhar mais atento à realidade norte-americana. No documento de onde Migas retirou o seu gráfico - por sinal, um dos principais think-tanks conservadores norte-americanos, a Heritage Foundation -, existe um outro, com preços constantes, que mostra a evolução da despesa no sector objecto da reforma de Clinton: o apoio financeiro às famílias mais necessitadas. A quebra dos apoios é abrupta. Por outro lado, é fácil perceber porque aumentaram as despesas sociais globais: as despesas com o Medicare (programa de saúde de apoio aos mais idosos) são galopantes. Quer isto dizer que os Estado Social está a crescer nos EUA? Não. O Medicare é, ao contrário dos nossos (europeus) sistemas de provisão públicos de cuidados de saúde, um sistema onde o Estado financia as despesas privadas dos utentes. Um sistema ineficiente (não cobre toda a população idosa), condenado à falência e que serve sobretudo para encher os bolsos das poderosas empresas privadas de saúde.

P.S.: Não resisto a dar conta de uma das conclusões do estudo de onde Migas retirou o seu gráfico. Para os autores, o sistema de segurança social é uma das causas desse desatre nacional que foi o aumento do número de divórcios nos EUA desde os anos sessenta. Ao permitir a emancipação dos seus cidadãos é bem provável que a conclusão seja verdadeira. Ainda bem!

Sem comentários: