terça-feira, 27 de maio de 2008

Leia-se Sócrates onde está Blair...

Vitalino Canas, porta-voz das empresas de trabalho temporário, diz que «o PS está consciente das dificuldades do país e partilha da visão de Mário Soares» (Público). Alguém acredita nisto? Mário Soares afirmou no DN: «Depois de duas décadas de neoliberalismo, puro e duro - tão do agrado de tantos que se dizem socialistas, como desgraçadamente Blair - uma boa parte da Esquerda dita moderada e europeia parece não ter ainda compreendido que o neoliberalismo está esgotado». A mensagem tem destinatários claros: todos os que abandonaram, na condução da política económica, qualquer horizonte de reforma das estruturas económicas do capitalismo realmente existente; todos os que se renderam ao ar do tempo, ou seja, todos os que se renderam à política de promoção da concorrência mercantil num número crescente de esferas da vida social; todos os que acham que o «socialismo» até é compatível com o «liberalismo» económico (Vital Moreira sabe bem que é esse o sentido que o elástico termo liberalismo tem em França; de qualquer forma, a «modernização» do PS local ocorreu na prática há mais de duas décadas); todos os que vão gerindo o atrofiamento do Estado Social ou o alastramento do desemprego e da precariedade que generalizam a «ficção grosseira» do trabalho como mercadoria (esta última ideia é de Karl Polanyi, um autor cuja obra continua a conter muitas das ferramentas teóricas de que a esquerda socialista necessita hoje em dia); todos os que deixaram cair o combate à desigualdade; enfim, todos os que são parte activa da «neoliberalização» gradual do país que gerou uma imensa fractura social e um modelo económico que está hoje esgotado. Em suma, a direcção política do PS.

1 comentário:

Anónimo disse...

Depois das explicações bacocas de como se pode ser membro do governo e também provedor das empresas de trabalho temporário, tudo será possível. Até um socialismo pós-moderno…