terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A nacionalização como excepção? (I) Do BPN ao sistema bancário.

Tem sido comum assistir no nosso país a análises que vincam a excepcionalidade da nacionalização do BPN. A sua relação com a crise seriaquase acidental. Esta somente teria tornado saliente um mero caso de polícia, a ser tratado pela justiça. No entanto, assistimos, um pouco por todo o mundo, à multiplicação destes "casos de polícia", sendo o mais recente o caso "Maddoff". Mesmo em Portugal, são vários os indícios de esquemas fraudulentos no nosso sistema bancário. Veja-se o caso da compra de acções próprias através de paraísos fiscais e empresas fictícias do BCP durante uma recente recapitalização do banco, os indícios de branqueamento de capitais no BCP, Finibanco e BES que a, ainda inacabada, Operação Furacão trouxe a lume ou as recentes irregularidades contabilísticas identificadas no BPP. A permanência da crise trará, provavelmente, mais casos e, com eles, a necessidade de futuras nacionalizações parciais ou totais de bancos nacionais.

O que estes episódios mostram não é tanto que os banqueiros sejam um bando de vigaristas, mas sim os problemas sistémicos de um sector que funciona na quase total opacidade, onde os instrumentos disponíveis para a fraude, como os paraísos fiscais, são a norma e onde os produtos etransacções financeiras são de tal forma complexos que se tornam incompreensíveis para quem não lida com eles diariamente.

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