terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A nacionalização como excepção? (III) Por um sistema de crédito socializado.


Os argumentos para a nacionalização actual do sector bancário são normalmente temperados pela condição de uma futura reprivatização depois de ultrapassada a crise. Este poderia ser mesmo um bom negócio para o Estado, tal como aconteceu na Suécia. No entanto, existem bons argumentos para uma nacionalização, ou melhor, socialização permanente da banca.

Como nota Frédric Lordon, neste magnífico texto, se admitirmos a segurança dos depósitos e as possibilidades de crédito como um bem público vital para o bom funcionamento dos mercados, estes devem estarintegrados num sistema - à margem dos interesses privados de detentores de acções cujo único objectivo é a rentabilidade - que possa resistir a momentos excepcionais como o que estamos a viver.

A nacionalização total do sistema de crédito levanta, contudo, alguns problemas. O actual sistema de criação monetária é simultaneamente fragmentado (através dos múltiplos bancos privados comerciais) e centralizado (dada a existência de bancos centrais públicos). Existe, pois, uma divisão de poderes onde nenhum agente detém o exclusivo poder de emissão monetária. Um monopólio público estaria sob o teórico controlo democrático, mas o abuso de um bem tão "explosivo" como a moeda seria um enorme risco a correr. A refragmentação do sistema de crédito poderia tomar a forma de bancos a retalho, com objectivos não lucrativos ou com lucros limitados, controlados pelas partes que "procuram" crédito: empresas, trabalhadores associações, colectividades locais, representantes locais do Estado, etc.
Para uma análise detalhada vale mesmo a pena ler o artigo de Lordon.

1 comentário:

Luís disse...

#.Sem dúvida que o deixar cair da categoria da "nacionalização" em favor daquela da "socialização" já vem com alguns meses de atraso! Mais vale tarde do que nunca. No entanto, só agora é que a luta começa verdadeiramente, pelo concreto das respostas.

##. A criação de moeda pode-se revelar um acto administrativo, mas aquilo que se pode entender por "formação de capital" é que é o seu verdadeiro suporte. compor essa dialéctica foi sempre o mistério do desenvolvimento retardado...
Vou ler esse tal Lord(?) Lordon, por certo ´cometeu alguma argolada!