terça-feira, 9 de junho de 2009

A economia política e moral do cavaquismo

A "roubalheira" no Banco Português de Negócios, para usar a controversa expressão de Vital Moreira, tem servido para relembrar a experiência neoliberal portuguesa na sua origem, ou seja, a economia política e moral do cavaquismo. Isto é tanto mais útil quanto muitos dos problemas do país resultam das profundas transformações económicas promovidas pelos governos cavaquistas e das normas sociais que as legitimaram. O resto da minha crónica de ontem no i pode ser lido aqui.

11 comentários:

David R. Oliveira disse...

Pois! que tenha V. Exa. toda a razão mas, ainda assim, beba um copo de água ou um naco de pão ... ajuda. Cuidado com os soluços!
David Oliveira

Unknown disse...

desde q as eleições s aproximaram q este blog tem ficado pouco mais q insuportável.. parece q escrevem os textos seleccionando uma conclusão prévia e finalizadora do mesmo..
e agora pergunto eu?
há qtos anos ja foi o cavaquismo?
de lá para cá, nao houve outros governos? nao houve fundos europeus?
já nao consigo ouvir sequer a palavra d neoliberalismo.. acordem!! ideologicamente, torquemada começa a parecer um ingenuozinho!!
p.s. nao sou direita, nao sou d esquerda, sou somente alguém q acredita em soluções , em caminhos, e q estes mudam consoante os tempos e os povos!!
e tal como eu, muito dos eleitores estão fartos dos chavoes ideológicos!! basta!!
estas mentes iluminadas discutem mais o passado d q o futuro, arre..e o burro sou eu?

Avô Cantigas disse...

Ei-na tantos candidatos a comissão de inquérito. Sobre a roubalheira.

João Melo disse...

neo liberal? era bom era...mas não foi.

Diogo disse...

Será que os augustos comentadores que me precederam ainda não perceberam que o neoliberalismo se utiliza tanto do PS como do PSD (vulgo Centrão)? Que não há diferenças? Que são apenas dois instrumentos do Grande Dinheiro?

Anónimo disse...

Pois é. O Cavaquismo já lá vai há muito; a Tatcher e o Reagan(o de má memória) também; e outros que tais também já foram(felizmente) desta para melhor.
A verdade, porém, é que ainda hoje os povos dos diversos países continuarão( infelizmente por muito mais tempo)a pagar facturas muito altas.
Pessoas como aquelas, deviam pagar bem caro as suas malfeitorias.
Infelizmente e ao contrário, algumas ainda são premiadas com presidências e outras benesses completamente desmerecidas.
Não há dúvida que os neoliberais (ou neofascistas !!?),com a benção do senhor, sabem plantar e colher os frutos.

Pablo Pichasso disse...

O PS de José Sócrates perdeu as eleições europeias não por causa dos méritos que possa ter o candidato do PSD Paulo Rangel, de sabe-se lá o quê que tenha Manuela Ferreira Leite ou da falta de jeito do seu próprio candidato Vital Moreira. Nem as duvidas no caso Freeport justificam tamanha derrota.
O PS perdeu porque foi surdo, prepotente, economicamente neoliberal e de uma maneira geral incompetente.
O PS perdeu porque apoiou um governo que deliberou contra os interesses da generalidade das pessoas como nas reformas da Segurança Social, porque aprovou um código do trabalho nefasto para os trabalhadores a que nenhum governo de direita tinha chegado a tanto, porque incentivou a precariedade no trabalho sobretudo junto dos jovens, porque desprezou as grandes manifestações de rua, porque governou à direita quanto fora eleito por gente de esquerda que quis romper com o passado dos governos de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes. O PS de Sócrates perdeu porque foi prepotente em relação aos mais fracos e desprotegidos que são a maioria e muito submisso perante os mais fortes. Perderam porque se preocuparam mais com os negócios do que com as pessoas. O PS perdeu porque pensava que apenas à custa do marketing do seu líder se perpetuava no poder e perdeu também graças aos seus ministros incompetentes. Ajudaram à queda, o ministro da Economia Manuel Pinho que abriu a boca vezes sem conta para dizer asneiras, quando a crise internacional ainda não estava sequer no seu auge teve o desplante de afirmar que, o pior já tinha passado e que recomeçara a recuperação económica, isto contra todas as expectativas e a realidade que se nos deparava. Ajudou o ministro Mário Lino das Obras Públicas com a grande trapalhada em relação ao novo aeroporto, ficou famosa a sua frase, em Alcochete “jamais” ou o “deserto” a sul do Tejo. Ajudou o ministro do Trabalho e da Segurança Social Vieira da Silva que muito passivamente sem qualquer tipo de acção não garantiu nem trabalho nem segurança social. E que dizer então em relação ao ministro da Justiça Alberto Costa senão que foi o ministro do caos? Não está isento de culpas também o ministro mais exposto do governo, o das Finanças, Teixeira dos Santos, que sempre procurou defender o indefensável, ginasticou conforme as conveniências em relação aos impostos castigando os contribuintes, manteve à frente da supervisão do Banco de Portugal o governador Vítor Constâncio com as suas “distracções” gravosas para a economia portuguesa em relação ao que se passou na banca e em concreto nos casos do BPN e BPP. Foi quase tudo muito mau. De que estava à espera esta gente na altura do julgamento?
Que caminhos sobram a José Sócrates e ao seu partido a partir de agora? O primeiro-ministro está numa encruzilhada da qual muito dificilmente se desenvencilhará. A esquerda que ele tanto desiludiu jamais confiará na sua política e nas suas intenções, é um caminho que lhe está definitivamente vedado por muito que ele tente conquistar. Em relação ao centro direita para quem governou durante todo este tempo, as perspectivas não são também animadoras. Foi uma franja, incluindo nela a maioria da classe empresarial, que apoiou interesseiramente e estrategicamente Sócrates enquanto estiveram órfãos, desorganizados e perdidos relativamente à sua “máquina” política tradicional. Quando sentirem que têm a “casa” definitivamente arrumada jamais quererão saber de Sócrates líder de um partido que carrega sempre consigo a palavra que lhes foi sempre maldita, socialista. Sócrates entrou em agonia. Poderá eventualmente ainda salvar-se o Partido Socialista, far-lhe-á talvez bem passar de novo para o “banco dos suplentes”, esquecer Sócrates, renovar-se em termos de militância, reorganizar-se, virar à esquerda e levantar de novo a bandeira do socialismo e da justiça já que a direita e os defensores da exploração estarão sempre minimamente representados e protegidos. Ao Partido Socialista só lhe resta ser verdadeiramente de esquerda caso contrário entrará igualmente em agonia profunda.

Joaquim Pinto da Silva disse...

Um amigo enviou-me este texto e eu respondi-lhe em dois minutos:

Se não acertampos no inimigo, não vamos a lado nenhum.
Não houve liberalismo nenhum em Portugal.
Se nao fosse o aparelho de Estado (com as câmaras incluídas) a alimentar e a alimentar-se desses falsos empresários e a criar necessidades que não existem (como a da construção civil desenfreada) não haveria esta gatunagem.
A gatunagerm esteve e está totalmente ao e do lado do Estado. Os meus inimigos políticos estão no Estado, pois a utilizaçao que estes fazem do aparelho é ao seu próprio serviço.
Nacionaliza mais e mais ladrões vais ter.
É preciso é uma nova classe política para pôr o Estado a servir, controlando e agindo em favor da economia independente e tendo um carácter social forte.
O Cavaco não tem as rédeas do Estado neste momento e tu estás a ver a prepararem-se já alguns "empresários" para pôr a mão nas grandes obras públicas ( a maioria inúteis) para sustento próprio.
Liberalismo seria deixar as empresas trabalharem e não dependerem do EStado e isso, neste momento, em Portugal É IMPOSSÍVEL.
Mete isto na cabeça: o Estado determina praticamente "quem é empresário" ou não é.
Temos um capitalismo de Estado, ou socialismo de EStado, como queiras, porque dá no mesmo, e não uma sombra sequer de regime liberal.
Como é que não se vê isto, não percebo.

Dias disse...

“É preciso é uma nova classe política para pôr o Estado a servir, controlando e agindo em favor da economia independente e tendo um carácter social forte”.

Sim, o problema sempre assentou na natureza da classe política que vem dirigindo o Estado, contando com a colaboração de uma casta de dirigentes atreita a jobs e mordomias, que pode facilmente condicionar um QREN, um PRODER, um concurso público ou um ajuste directo, ignorando os interesses da maioria. É por isso “natural” que existam muitas cabecinhas que gostariam de ter um Estado (ainda) mais purgado de quaisquer obstáculos, leis incluídas.
Nesta fase, o meu maior inimigo não é o Estado; é a classe política que tem vindo em crescendo, a corromper o Estado. É essa que é preciso mudar.

Nacionalizações? Dos prejuízos, não obrigado!
Os recursos naturais deste país - Água e Energia - à cabeça, não têm que ser propriedade de uma minoria. (A EDP bem se esforça com campanhas de marketing, confundindo-se com um certo Estado: a Bike Tour e a construção(?) de barragens minimizadoras de impacto…mas o problema não é esse)
Os transportes e infra-estruturas que têm carácter social, não têm que ser vistos como “nichos de mercado”, nem serem entregues a duvidosas PPP.
Em suma, há sectores em que o Estado deve acautelar sempre o interesse da maioria; e só há uma receita: ser sempre o seu detentor maioritário.

croky disse...

Caro lex,

Muito embora o cavaquismo tenha tido um princípio e um fim a sua influência ainda se faz sentir.

A história não é algo isolado. Ela é como uma árvore em que se um falho começa a crescer torto, por muito bonito e vistoso que seja, será sempre torto.

Este analogia serve para explicar que o cavaquismo condicionou a nossa actual estrutura politico-económica até aos dias de hoje. Como a revolução francesa, as guerras mundiais e 50 anos de ditadura também o fizeram.

"nao sou direita, nao sou d esquerda, sou somente alguém q acredita em soluções , em caminhos, e q estes mudam consoante os tempos e os povos!!"

No entanto, as definições ideológicas servem para agrupar pessoas numa solução comum. Se não o fizermos teremos a solução do Manel, a do Joaquim e a da Maria. Sozinhos não vamos a lado nenhum ...

"estas mentes iluminadas discutem mais o passado d q o futuro, arre..e o burro sou eu?"

Sabia que é necessário compreender o passado e os seus erros para não voltar a cair neles ? Talvez seja eu o burro, mas esquecer o passado é esquecer quem somos, pois é ele que define o nosso presente. Não o compreender é meio caminho para um futuro falhado !

Miguel Fabiana disse...

Petit à petit, l'oiseau fait son nid...mais, pas trop petit...SVP