sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Paraíso do capital?

Há quem relacione a formação e implosão de bolhas financeiras com a construção de arranha-céus: quanto maior a sua altura, maior o frenesim especulativo, sempre com muita dívida à mistura que a financeirização do capitalismo é assim mesmo e os mercados eficientes só existem na imaginação dos “economistas-problema”.

O Dubai preparava-se para inaugurar o mais alto edifício do mundo e concentrava, em 2007, 27% dos estaleiros de construção a nível mundial. Um “emirado-empresa” desenhado à medida das necessidades do capital financeiro que circula livremente por aí, autêntica máquina de gerar crises financeiras.

A distopia capitalista, descrita por Marx e Engels no Manifesto, foi reinventada no deserto: o governo como executivo empresarial dos urgentes assuntos da burguesia transnacional, a exploração do proletariado dos países emergentes e submergidos, o nexo-dinheiro como base das relações sociais. Sem as complicações da democracia, dos sindicatos, dos direitos sociais ou dos impostos sobre o rendimento.

Um paraíso neoliberal escrutinado por Mike Davis há alguns anos. Um paraíso agora transformado no mais recente pesadelo da finança globalizada. Leiam tudo o que puderem de Mike Davis. Tem cartografado como poucos as contradições de um mundo cada vez mais polarizado. Fica a sugestão para um bom editor.