quarta-feira, 14 de abril de 2010

A actualidade de Karl Polanyi

A estreia da extrema-direita no Parlamento Húngaro, com 26 deputados, está forçosamente ligada à situação dramática que o país está a viver na sequência da Grande Crise em que os capitalismos dos EUA e da UE mergulharam em 2008. Hoje, a larga maioria dos cidadãos húngaros paga o preço da ilusão de prosperidade que lhe venderam sob a forma de crédito bancário fácil acompanhado de “reformas” preparatórias da adesão ao euro.

Mas a Hungria também me recorda Karl Polanyi (ver aqui e aqui), um intelectual que marcou o pensamento económico do século XX e foi também um lúcido militante do socialismo democrático. Em homenagem a Karl Polanyi, e à cidade de Budapeste onde viveu a juventude e começou o seu activismo, aqui deixo um extracto de um livro recente que testemunha a importância do seu pensamento nos tempos que hoje vivemos:

“Com o sonho do mercado auto-regulado mais uma vez profundamente entranhado na cultura das nossas sociedades, e com o poder das forças do mercado crescentemente reforçado pelas leis internacionais, somos cada vez mais confrontados com realidades que nos recordam o aviso que Polanyi nos deixou, o de que a insistência nesse sonho impossível de realizar só pode terminar em desastre. Porque a terra [natureza], o trabalho e a moeda nunca serão puras mercadorias, a sua crescente sujeição às forças do mercado está a impor enormes custos às pessoas, ao ambiente, e às sociedades, ao mesmo tempo que gera crescentes contradições e desequilíbrios que ameaçam a coerência do sistema económico global. Contudo, embora a necessidade de mudança se torne cada vez mais visível, as forças da oposição estão divididas e sem estratégia.”
(Cap. 1, p. 13, Manfred Bienefeld, ‘Suppressing the Double Movement to Secure the Dictatorship of Finance’, Palgrave Macmillan, 2007)

2 comentários:

Anónimo disse...

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Boas Leituras

croky disse...

Doí trocar a liberdade por produtos chineses vendidos a 1/3 do preço graças a custos de produção inferiores. Pois a Europa se tem que vergar a suma política social inexistente, salários baixos, baixa ou nenhuma protecção social para poder "competir" com o que se faz na Ásia. É o póstumo do mercado livre. A partir daqui é sempre a descer.

Alguém faça uma cova god dammit !!!!