quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A Areia dos Dias








Hoje saúdo o aparecimento de um novo blogue (A Areia dos Dias) que seguramente não vai desiludir os que querem reflectir sobre a crise, suas causas, consequências e caminhos para a superar.

É um excelente contributo para fazer frente ao monopólio que os "comentadores da economia doméstica" têm nas televisões.

Aqui deixo um aperitivo:

"O debate em torno do défice das contas públicas tem vindo a polarizar de tal modo o discurso político-partidário, com a correspondente amplificação por parte dos media, que corremos o sério risco de continuar a passar ao lado dos verdadeiros desafios que o País atravessa no indispensável acertar do caminho para um desenvolvimento sustentável, base de consolidação da própria democracia.

Entrevistas, sondagens de opinião junto dos cidadãos e cidadãs comuns, programas televisivos de larga audiência, tudo converge para nos fazer crer que o cerne da crise reside numa despesa pública excessiva ou na falta de competitividade da nossa economia no mercado mundial e é deste olhar míope que se parte: no primeiro caso, para fomentar a crença de que são inevitáveis cortes nas despesas do Estado (redução de serviços e prestações sociais, deslocalização de serviços públicos para o sector privado e mercantil, mais privatizações; alienação de capitais públicos); no segundo caso, ou seja para fomentar a competitividade, argumenta-se que há que baixar os impostos, reduzir salários e multiplicar os incentivos do Estado às empresas.

E tudo isto, feito num ambiente de crispação, que parece visar mais efeitos psicológicos com previsíveis interesses partidários do que o real enfrentamento dos problemas e a procura das suas verdadeiras soluções"

1 comentário:

José Luis Moreira dos Santos disse...

Desde de que a política, a discussão da coisa pública, ficou completamente dependente da televisão e a esta prisioneira; desde de que a política, a discussão da coisa pública, se transformou na arte do paradoxo, as coisas, em termos mundiais, ficou como nos parecia estar; mas, em Portugal, desde de que a política, a discussão da coisa pública, passou a ser distração de rapazes arvorados em lideres políticos, a coisa ficou como está: um lamaçal dos dias. E nós? Fazemos, de acordo com o que pensamos e queremos, aquilo que podemos. Força!