quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cadê?

Talvez não. Porque há sempre um momento em que um bloquista tende a fazer demagogia. Um exemplo: ao fazer alusão à queda da receita fiscal em sede de IRS, Gusmão escreve: “-7,7% na tributação progressiva dos rendimentos do trabalho e alguns de capital, apesar do aumento das taxas”. A quebra de receita com origem na “tributação progressiva dos rendimentos do trabalho” acontece porque houve um aumento do desemprego, logo menos rendimentos do trabalho sujeitos a tributação. Não se pode tributar os rendimentos de quem não os tem, “apesar do aumento das taxas”.

Cadê a demagogia? O ponto que faço em todo o artigo (com o qual começo e com o qual termino) é o de que a política de austeridade é perversa e ineficaz mesmo do ponto de vista do ajustamento orçamental. Contraponho a ideia de que o ajustamento orçamental só pode ser conseguido de forma sustentável através do combate ao desemprego. O autor do post citado acusa-me de demagogia por não referir que a quebra na receita fiscal se deve ao aumento do desemprego. Agradeço a ajuda, mas o contributo do sr. assessor do Governo só pode ser lido como uma crítica ao empregador. É que a dinâmica do desemprego é pelo menos em parte uma responsabilidade do Governo. Ou não?

2 comentários:

Anónimo disse...

E você não poderia dizer o que aqui diz sem utilizar a mesma linguagem que a chamada "direita" usa ? è que me faz cá uma confusão essa proximidade!! (entre as ditas esquerda e direita)
lena

José Guilherme Gusmão disse...

Lena,

Lamento, mas não faço ideia do que está a falar. Se quiser explicar onde é que eu usei a linguagem da chamada "direita", terei todo o gosto em responder...