quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Europeísmo crítico II

Não percam o artigo de Stuart Holland no Negócios - A Europa precisa de uma mudança de 'Gestalt'. Reforço do Banco Europeu de Investimento, mudança do papel do BCE e emissão de euro-obrigações. Até parece fácil, são assim as boas ideias, mas a dificuldade política é grande. Há muita gente interessada em impedir soluções racionais, que enquadrem politicamente os mercados, geradoras de investimento e de emprego. Será que é mais interessante manter a assimetria da integração europeia, que garante a perpetuação de um quadro político gerador de soluções socioeconomicamente regressivas; as soluções que reduzem direitos laborais e salários, as soluções da economia política do desemprego, as soluções que destroem o Estado social e aumentam as desigualdades sociais e regionais, as soluções que degradam os bens públicos? Stuart Holland, como bom economista keynesiano que é, sempre se bateu por políticas igualitárias que civilizam a economia, tendo sido um dos pioneiros, no início da década de noventa, quando era conselheiro económico de Delors, na defesa das euro-obrigações.

1 comentário:

João Carlos Graça disse...

Sim, sem dúvida que é necessária uma outra Gestalt. A questão que coloco com franqueza é se existe algum remoto resquício de viabilidade na ideia de se tomarem medidas "europeias" que deixem a Alemanha de lado, como sugere o último parágrafo:
"Isto pede uma mudança da "Gestalt" alemã, tanto em relação à estabilização da dívida como relativamente è emissão de obrigações pela UE. Ou, se a Alemanha não mudar, a sua introdução por parte dos Estados-membros, e não necessariamente por todos, à semelhança do que aconteceu com o próprio euro, a fim tanto de salvaguardar a Zona Euro como de tornar o Programa Europeu de Recuperação Económica uma realidade".
Terei percebido bem? Uma política económica concertada de vários países da UE que deixasse a Alemanha de lado? E que fosse, aliás, pensada para isso mesmo?
Sinceramente: o Stuart Holland tem estado atento quanto ao funcionamento efectivo da UE? Quais as instituições europeias que poderiam servir de "ponto de Arquimedes" nesse intento de levantar o mundo?
No desenho institucional da UE, confesso, não vislumbro onde tal se poderá encontrar. Mas posso ter sido eu (e não o Stuart Holland) a andar distraído...