domingo, 23 de janeiro de 2011

As verdades e ilusões de Cavaco, novamente presidente

Ouvi há pouco Cavaco afirmar que tinha vencido a verdade. A verdade de Cavaco é o silêncio. No discurso de vitória, não só atacou todos os que ousaram escrutiná-lo, como se escusou a responder a qualquer questão que lhe fosse dirigida pelos jornalistas. Nesta campanha, Cavaco foi desmascarado na sua suposta imaculada existência. Hoje é claro que fez dinheiro à custa de amigos pelintras. Mas achou que estava acima da obrigação de esclarecer o que tinha - e tem - de ser esclarecido. Cavaco nunca perdeu os tiques de pequeno ditador.

Cavaco afirmou hoje, magnânimo, que nunca vendeu ilusões. Só quem prefere esquecer os 10 anos de governo cavaquista pode deixar de recordar o discurso do 'pelotão da frente'. Dia sim dia não, o então primeiro-ministro dizia-nos que no espaço de uma década estaríamos entre os países mais desenvolvidos da UE. Isto num país pobre e sub-qualificado (e sê-lo-ia hoje ainda mais, se mantivéssemos as opções de educação do seu reinado), dominado por grupos económicos parasitários que cresceram à custa de privatizações a preço de saldo e das auto-estradas cavaquistas. O demagogo de todas as horas não perdeu o jeito.

Depois de um mandato marcado por aquelas relevantíssimas e esclarecedoras intervenções relacionadas com o Estatuto dos Açores, as escutas a Belém e o casamento homossexual, o homem continua a tentar convencer-nos que é um grande estadista. E já poucos duvidam que ele acredita no que diz. Estranho é que não seja o único.

O país não ficará mais arruinado com esta eleição, é certo. Mas este homem só deixa sossegado quem precisa muito de acreditar em qualquer figura plástica que lhes apareça no ecrán.

9 comentários:

sepol disse...

Cavaco não passa dum velho do Restelo... ultrapassado e autista.

Maquiavel disse...

Meninos, acordem.

Venceu a verdade. E a verdade é que a grande maioria (55% de calöes + os que votaram Cavaco) os portugueses säo uns nhurros! Näo merecem mais!

Dias disse...

As ilusões do pelotão da frente e bom aluno… Ainda há dias Cavaco dizia que tinha saudades dos tempos em que Portugal era “bom aluno”. Que escola!

Com 53% de abstenção e com 53% a favor no universo de votantes úteis (excluídos os 4% de brancos/nulos!), Cavaco torna-se de facto o PR de alguns portugueses…
Entretanto, e por mais que fale em campanha suja, as dúvidas continuam por dissipar. Pela minha parte dispenso de bom grado acções de “defesa de bom nome” feitas a partir do alto de um palanque. Há lugares próprios para tal.

Maquiavel disse...

Sepol, concordo consigo, e em que é nessa qualidade que representa muitíssimo bem o país e a maioria dos portugueses. A prova foi a vitória esmagadora (quase 80% do eleitorado).

Pedro Ribeiro disse...

Fiquei muito satisfeito com o discurso de vitória de Cavaco, não fora eu arrepender-me de não lhe ter dado o voto. Assim, confirmou apenas o que penso dele. Um tipo sem coragem, que só bate quando não há possibilidade de resposta e amoucha quando tem pela frente alguém que o pode rebater. Fraco com os fortes, forte com os fracos, como convém a quem manda...

Anónimo disse...

Sim, sim.
É bom q a memória n se perca.

João Oliveirs disse...

Parabéns, acho que colocou os pontos nos iis com este artigo. Aliás, sendo este um país sem memória, admire-se que daqui a 10/15 anos tenhamos Sócrates presidente. Para mim, est5as presidenciais só tiveram uma coisa boa: acabou-se o Cavaco Silva virgem imaculada, o suposto mais honesto dos honestos é um vigarista rodeado de vigaristas.

Bilder disse...

A democracia é uma charada e o rei...perdão,o presidente vai nu!

Dylan disse...

Porque não me esqueço de quem governou o país durante 10 longos penosos anos como primeiro-ministro acentuando as desigualdades sociais, porque não me esqueço das malditas propinas do ensino superior, dos espectáculos degradantes no buzinão da ponte 25 de Abril, da investida sobre os policiais na Praça do Comércio e sobre os vidreiros da Marinha Grande, dos delírios das supostas escutas governamentais a Belém. Não quero voltar ao Cavaquismo, carrancudo e conservador, sorvedouro dos fundos estruturais da CEE, terreno propício às tentações da banca e dos oportunistas.