sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Bancarrotocracia

A estreita imbricação com o capital financeiro está na natureza do BCE, nas suas regras, estatutos, ideologia e pessoal político – sim, não há cargo mais politico do que presidente desta instituição decisiva para as dinâmicas de uma economia monetária de produção. Por isso, não é de admirar que, como bem afirmam Rui Peres Jorge e André Veríssimo, jornalistas do Negócios, Mário Draghi ontem tenha mostrado “que fará muito pelos bancos, mas não pelos Estados”. Esta assimetria mostra que o BCE só existe para defender os bancos, a bancarrotocracia de que fala Varoufakis no seu magnífico livro The Global Minotaur, e para esvaziar cada vez mais a soberania democrática. Os bancos, que estão na base da crise, têm empréstimos quase grátis com prazos cada vez mais dilatados e menos exigências, a maioria dos cidadãos tem direito a uma austeridade cada vez mais recessiva e que destrói as suas vidas, graças ao desemprego de massas permanente e à erosão das capacidades colectivas. Tudo acompanhado pela imposição das inviáveis taras ordoliberais alemãs, com renovados esforços de governos subalternos, que caberá aos cidadãos contrariar através de um referendo, para constitucionalizar um moralismo económico incapaz de compreender as origens dos desequilíbrios europeus.

1 comentário:

Anónimo disse...

Vender o medo, é meio caminho andado.
A crise nunca é nossa, é sempre dos taxistas e gentes afins.