domingo, 1 de abril de 2012

O PS perdeu o s na Europa?

Sempre que tenho de assistir ao triste espectáculo de um PS à deriva, sendo desta vez incapaz de tomar uma posição social-democrata sobre alterações regressivas ao código de trabalho e cúmplice do reforço e radicalização de um pacto que já provou ser estúpido tantas vezes, lembro-me do que escreveu Perry Anderson no início da década de noventa, um historiador que vale sempre a pena ler na sua New Left Review ou no seu mais recente livro de ensaios sobre a Europa – da critica às teorias dominantes da integração, à economia politica da integração, passando por análises detalhadas dos principais países:

“Outrora, nos anos fundadores da Segunda Internacional, [a social-democracia] tinha por objectivo o derrube do capitalismo. Depois tentou realizar reformas parciais concebidas como passos graduais para o socialismo. Finalmente, passou ser favorável ao Estado-Providência e ao pleno emprego no quadro do capitalismo. Se agora aceita a destruição do primeiro e o abandono do segundo, em que tipo de movimento se irá tornar?”

Seguro é a resposta, o vazio total é a resposta; Amado é a resposta, a captura pelo capital financeiro é a resposta. O resto é a austeridade que se aceitou, vigiada pelos Vieiras da Silva, a resposta inscrita num euro que realizou o objectivo essencial de destruir a social-democracia.

Este contexto europeu pesa num partido que, de resto, nunca teve ligações orgânicas ao mundo do trabalho, o que explica a complacência em relação a alterações que põem e causa a protecção e a capacidade de negociação que são devidas aos trabalhadores numa economia capitalista com espaços de decência, uma economia que possa ter regras geradoras de padrões social-democratas.

Este contexto pesa num partido que, com honrosas excepções, sempre foi dominado por uma economia neoliberal, obcecada com a oferta e com a suposta capacidade dos chamados mercados. Basta pensar nos nomes que tiveram responsabilidades no PS – Augusto Mateus, Daniel Bessa, Pina Moura, Campos e Cunha ou Teixeira dos Santos. Estão a ver a desgraça ideológica. Creio que salta à vista que esta situação tem efeitos negativos para toda a esquerda, por muito que alguns ainda vejam as esquerdas como um jogo de soma nula.

3 comentários:

joão moreira disse...

só na europa? o q é isso? andamos a acreditar no ps outra vez?
ai meu deus.

henriquedoria disse...

O PS é a indignidade moral. Mas o PCP também não deixa de o ser pela acéfala defesa de um socialismo real sem sentido e sem moral, como a história PROVOU

José Gonçalves Cravinho disse...

Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote (88anos),direi que afinal é a Pulhice Humana que dá azo à corrupção que adulterou e continua adulterando o Ideal Socialista.Os detentores do Poder Económico sabem como usar o Dinheiro que corrompe as consciências e a Moral
e é o Poder Económico que DITA o Poder Político.