terça-feira, 30 de julho de 2013

As horas

Com a passagem do horário de trabalho de 35 para 40 horas semanais, obviamente sem aumento correspondente de salário, o governo acaba de decidir que que cada trabalhador do sector público recebe menos 12,5% por hora trabalhada. Com a passagem do horário das 35 para as 40 horas semanais e com o aumento da insegurança laboral, o governo aumenta a folga para despedir ainda mais gente. Esta política envia um sinal que afecta todos os trabalhadores e que é consistente com uma política de classe: aumentar o medo por via do desemprego, aumentar os horários de trabalho, diminuir os salários, enfraquecer a provisão pública num país que tem menos funcionários públicos do que a média dos países desenvolvidos da OCDE. Um governo que defendesse os interesses de quem trabalha e de quem quer trabalhar, um governo capaz de mobilizar os instrumentos de política económica de um Estado soberano, enviaria outros sinais. Mesmo assumindo que o nível de provisão pública é adequado, diminuiria o horário de trabalho, com diminuição proporcional, menos do que proporcional ou mesmo sem diminuição do salário, dependendo da fase do ciclo económico e do nível remuneratório, para assim poder criar folga para gerar mais empregos públicos socioeconomicamente úteis, ao mesmo tempo que dava um sinal de desenvolvimento: que se trabalhe menos para que mais possam trabalhar e assim também ter, como Miguel Esteves Cardoso hoje sublinha com sensibilidade e bom senso impares, "a satisfação de deixar de trabalhar". A actual política é de subdesenvolvimento também porque a sua aposta é que cada vez menos trabalhadores trabalhem cada vez mais e com menos satisfação e qualidade de vida antes, durante e depois do trabalho.

5 comentários:

Anónimo disse...

Como sempre e é óbvio deste Governo outra coisa não seria de esperar.
E foi com esta gentalha, estas alimárias, que o PS conversou e chegou a pensar (vejam só isto) fazer um acordo.!!??
É por essas e por outras que o PS ( para nosso mal) não consegue descolar a toda a força do PSD/CDS ou CDS/PSD( para o caso é a mesma coisa).
Enquanto o PS não perceber que apenas conseguirá vencer eleições, com maioria absoluta, quando romper,sem qualquer dúvida, com estas politicas de desastre, o nosso país e nós todos, não voltaremos a viver com dignidade.

Anónimo disse...

Partir do pressuposto que o aumento do horário de trabalho não acarreta aumento dos honorários é cair na esparrela do governo. O ordenado devido a cada trabalhador está consignado na legislação correspondente que se não for alterada implica aumento dos honorários tendo em conta o aumento da carga horária pois o trabalhador tem o ordenado indexado a um valor hora.
Poroutro lado esta medida visa a diminuição do numero de trabalhadores e aqui também é necessário ter em conta um principio básico em relação ao trabalho - aumento de horários não é igual a diminuição do numero de trabalhadores. Para uma determinada tarefa durante um determinado periodo (ex. turno) são necessarios n trabalhadores independentemente dos seus horários. As tarefas levadas a cabo dependem do nº de trabalhadores para aquele periodo defenido. Aumentando as cargas horárias dos trabalhadores não diminuimos a necessidade em trabalhadores. partindo do principio que trabalham por turnos estão submetidos a regras de trabalho que a legislação estipula para estas situações. Aumentar o horário de trabalho de todos os trabalhadores do estado não implica directamente a diminuição do valor hora desses trabalhadores e muito menos a necessidade da diminuição de trabalhadores para cumprir as tarefas necessárias. Mais uma vez aquilo que parece aritemeticamente simples com contas de somar e subtrair, é geometricamente questionavel senão menos exequivel.

Diogo disse...

É o Grande Dinheiro que controla todas as economias em seu beneficio.

Já que nenhuma organização (que supostamente deveria defender o cidadão) mexe uma palha, não deverão os cidadãos, por moto próprio, a fazer justiça pelas suas próprias mãos?

Anónimo disse...

num país que tem menos funcionários públicos do que a média dos países desenvolvidos da OCDE.

De certeza que a média do pib dos países da OCDE também é superior ao nosso. Com o que é que se pagam os salários desses funcionários públicos ?

A. Gomes disse...

caro anónimo não se paga funcionários com PIB