quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Hoje, Praça do Rossio, a partir das 18h30


«Heróis não são as vítimas acidentais dos déspotas. Nem são os mártires sem rumo. Heróis são os que enfrentam a arbitrariedade e a põem em risco no momento certo. Angola ainda agradecerá a Luaty Beirão, um rapper com mais coragem que um batalhão de políticos. Depende de nós, da pressão internacional, que ele venha a ouvir esse agradecimento. Caso contrário, a morte de Luaty pesará nas nossas consciências. Quem anda a fazer contas aos interesses da nossa comunidade em Angola terá de viver com a mesma vergonha com que devemos viver com apoio que demos, enquanto Estado democrático, ao regime do Apartheid.»

Daniel Oliveira, A morte de Luaty pesará nas nossas consciências

Mesmo que não possam estar hoje na vigília e concentração em Lisboa, exigindo a libertação dos activistas e presos políticos em Angola, não deixem de subscrever esta petição, a enviar ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, e ao embaixador português em Angola, João da Câmara, solicitando a intervenção do governo de Portugal na libertação de Luaty Beirão. Nem esta, da Amnistia Internacional, num apelo a que libertem imediata e incondicionalmente estes prisioneiros de consciência e que seja garantido que, enquanto se aguarda a sua libertação, estes não sejam sujeitos a tortura ou outros maus tratos. A hora é de urgência, de exigência e de solidariedade sem fronteiras.

6 comentários:

Anónimo disse...

Convém lembrar que o MPLA é hoje membro da chamada "Internacional Socialista", ou seja, é um partido irmão do nosso PS. O admissão do MPLA nessa família política começou a ser negociada no início dos anos 90, após uns anos de namoro; entre os principais negociadores - formais e informais - esteve sempre gente do PS, nomeadamente a Ana Gomes.

Morto Savimbi em 2002, a UNITA reconheceu imediatamente a derrota, o que levou finalmente ao fim da guerra civil; só depois disso se tornou possível concretizar a admissão, vencida que foi a resistência do "lobby" da UNITA em Portugal. Deste "lobby" eram membros destacados os dois Soares (pai e filho), bem como a mãe de António Costa. A própria Ana Gomes sempre esteve mais próxima da UNITA que do MPLA, talvez devido à educação que recebeu do camarada Arnaldo Matos, nos bons velhos tempos do PREC.

Em 2008 tiveram lugar eleições legislativas que deram quase 82% ao MPLA, reduzindo a UNITA a cerca de 10% e a FNLA a uma expressão insignificante, ao lado de dois outros pequenos partidos. Com esta maioria qualificada, o MPLA fez adoptar, em 2010, uma nova Constituição que não prevê eleições presidenciais, estipulando ao invés que o cabeça de lista do partido mais votado será doravante automaticamente Presidente da República.

Foi com base na constituição de 2010 que se realizaram as Eleições Gerais de 2012, as quais receberam esta designação porque, embora se tenha tratado de eleições
legislativas (parlamentares), definiram de forma indirecta quem iria ser o Presidente da República. Eis os resultados das principais forças políticas: MPLA com 71,8%, UNITA com 18,7%, CASA-CE (liderado por Chivukuvuku, ex-UNITA) com 6,0%.

Daqui a menos de um ano haverá novas eleições. José Eduardo dos Santos - velho e gravemente doente - não está em condições de continuar a dirigir o estado angolano. Se o povo angolano quiser afastar o MPLA - já com novo líder - do poder, pode consegui-lo através do voto. Se o MPLA ganhar de novo as eleições, teremos de concluir que o povo angolano continua a preferir esse partido, talvez porque as alternativas sejam ainda piores.

Retornado disse...

O que mais tem em Angola são partidos para se manifestarem.

O Bloco é mais uma esquerda especial que temos por aí à procura de sarna para se coçarem.

As minorias folclóricas são umas irresponsáveis que aparecem gratuitamente.

meirelesportuense disse...

Espero muito sincera e afincadamente que o bom senso regresse a quem pode decidir desta situação. E que tudo acabe em bem.
Não consigo entender a posição do Machete!...

meirelesportuense disse...

Não queremos heróis mortos, não pretendemos sacrifícios inúteis, queremos homens corajosos, mas vivos.A morte não serve a ninguém.

Anónimo disse...

Não irei comentar sobre a greve de fome nem sobre a situação politica e social de Angola, desconheço os meandros do processo. Simplesmente, as pessoas, as organizações humanas, os governos sejam la´ quem forem, não devem por em risco, voluntariamente, a sua própria existência e a existência dos outros.
Não acho heroicidade alguma a quem pratica actos contra a natureza humana. De Adelino Silva

Anónimo disse...

"A morte de Luaty pesará nas nossas consciências"? Na minha, mesmo que o dito senhor Luaty Beirão ("also known" em Portugal como "Ikonoklasta", dando pelo pacífico e muito humanitário cognome de "Brigadeiro Mata-Fracos" lá para os lados de Luanda) não tivesse desistido da sua greve de fome, não pesaria de certeza absoluta. Mas gostaria que o senhor Daniel Oliveira esclarecesse um pequeno pormenor a este pobre de Cristo que ora isto escreve: e a ele, pesar-lhe-á, porventura, na consciência os milhares e milhares e milhares de mortos que a intervenção da Nato - que ele, mais os seus pretéritos camaradas do BE e os actuais camaradas do Livre-Tempo de Avançar (para onde, meu Deus, para onde?!!!) tão febrilmente apoiaram (façam o favor de confirmar: é só consultar o arquivo do defunto "Arrastão") - na Líbia provocou? Depois de ter explicitamente apoiado os criminosos da NATO mais os seus assassinos jihadistas a soldo, o inteligentíssimo senhor Daniel Oliveira apoia agora a vanguarda racista e revanchista (uma extraordinária salada de rappers de terceira ordem, de escritores oportunistas surfando a lucrativa onda da "lusofonia" e de supostos jornalistas independentes avençados do senhor George Soros e do Comando Africano da NATO) da mão oculta das imensamente humanitárias ONGs americanas que fazem o mesmíssimo trabalho de sapa golpista em outros países onde imperam ferozes "ditaduras" (o Brasil e a Venezuela) todas elas... eleitas pelo Povo. É com esta gente que acompanha uma certa "esquerda" nacional... E vergonha na cara não há?
Uma última palavra para um membro aqui da casa a quem ouvi ontem dizer que os angolanos sofrem, há 36 anos, o "regime" do MPLA: caro João Galamba, bom seria que o senhor, antes de proferir tais barbaridades, folheasse uma boa "História de Angola" e nela tentasse encontrar referências como "Nambuangongo", "Baixa do Cassange", "Apartheid", "invasão de Angola pelo exército zairense e sul-africano", "massacre de refugiados da SWAPO e do ANC", "Queima das bruxas na Jamba" e que, principalmente, deitasse os olhos a uma boa biografia sobre os dias e os feitos de um santo senhor que deixou eternas saudades a muita gente do seu partido: o "doutor" Jonas Sidónio Malheiro Savimbi.