segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

As palavras são importantes

«Por alguma razão as relações laborais são reguladas pelo Código do Trabalho, não pelo Código da Colaboração.
Por alguma razão na Constituição da República Portuguesa o seu artigo 58 fala em Direito ao Trabalho e não em Direito à Colaboração.
Por alguma razão o feriado do 1º de Maio que celebra as conquistas laborais se chama Dia do Trabalhador e não Dia do Colaborador.
Parece-me cada vez mais claro que a utilização do termo colaborador em vez de Trabalhador serve, por vezes sem que quem o utiliza se dê conta, para mascarar a existência de classes sociais dentro de uma empresa ou organismo do Estado. Vai na linha da utilização da expressão, Entidade Empregadora, que tenta reduzir unicamente ao positivo a verdadeira expressão, Entidade Patronal.
Um trabalhador vende a sua força de trabalho tem, como os seus patrões, direitos e deveres. Um colaborador não vende necessariamente a sua força de trabalho e não tem nada na lei que regule a sua colaboração.
Bom dia de trabalho para todos.»

Pedro Mendonça, Pensamentos avulsos sobre Colaborador Vs Trabalhador

13 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom

Jose disse...

Muito bem! Plenamente de acordo.
Patrão e Trabalhador!
Capitalista e Proletário!
Nada de mariquices.

A questão subsequente é saber onde o máximo ganho comum e onde começa a perda comum.
Chame-se colaboração ao esforço de determinação desses limites.
Chame-se estupidez ao ignorarem-se esses limites.

clara disse...

Sempre pertinentes e esclarecedores estes "post". Obrigada.

Anónimo disse...

Há uma boutade clássica para rematar esta discussão: "Numa organização, infelizmente nem todos os colaboradores trabalham nem todos os trabalhadores colaboram".

Se é verdade que as palavras trabalho e trabalhador têm um valor político enorme, parece-me que a expressão colaborador é mais promissora como bem ilustra uma vinheta imortal do Astérix e Cleópatra:

https://www.herodote.net/Dossier/AsterixCleopatre.php

É possível matarmo-nos a trabalhar sem produzir nenhum fruto ;-( enquanto o que queremos é que todos, trabalhadores e colaboradores trabalhem menos para produzir bens e serviços mais valiosos e assim viverem uma vida mais realizados.

cid simoes disse...

Aprendi no Alentejo: "cada patrão, cada cabrão" será que têm razão?

Anónimo disse...

cid simões:

Tão apropriado para certos patrões.

A.R.A disse...

Bastante pertinente este post mas existe o reverso entre patrão e gestor sendo que este ultimo urge em tomar forma jurídica adequada pois o que temos visto são demasiados patrões na verdadeira concepção da palavra (incapaz de planear a medio/longo prazo; organização deficiente maioritariamente de estilo familiar; feudal e sectária por defeito cultivando o fosso entre administração e produção olhando o trabalhador como um peso e nunca uma mais valia) para que a nossa economia passe a ser vista com respeito e competitiva.

Demasiados "sotôres" incompetentes encostados à competência das chefias intermédias e estas empurrando com a barriga a desmotivação dos trabalhadores reféns da porta que é a serventia da casa e que outro espera para entrar.

Anónimo disse...

Tudo sempre na perspectiva de enaltecer "os de cima" e desprestigiar "os de baixo". Os sinais de decadência desta sociedade são perceptíveis e estão em todo o lado.

Anónimo disse...

"A questão é saber onde o máximo ganho comum e onde começa a perda comum".

O que tem de comum quem tenta aproveitar ao máximo a exploração do trabalho alheio com quem vê assim expropriado o seu trabalho?

Sejamos frontais: quem fala em "colaboração" no esforço para a determinação desses limites é um patrão escolhido como perito para as questões laborais. E escolhido pelos grandes patrões.

Este tipo defendeu como "colaboração" o roubo de salários. E de pensões. E defendeu o roubo de feriados. E de dias de descanso. E defendeu o direito ao saque e a fuga aos impostos. E defendeu n coisas a favor dos tipos que lhe pagavam para defender a sua "colaboração".

Eram os limites dos ventrudos patrões a tentarem estabelecer os seus limites.
E chamavam "estupidez" aos que ignoravam esses limites com que que forçavam o "colaborar".

Um dos exemplos desta colaboração máxima ficou assim definida quando este mesmo sujeito tentou definir a máxima colaboração entre por exemplo banqueiros e depositantes e que se cumpria nesta frase lapidar:"os banqueiros são os seus depositantes"

Eis os limites a estabelecer para garantir a vida à tripa forra dos banqueiros, tendo como álibi...os depositantes.

( e para quem não respeitasse tais "colaborações"...este fulano defendia a aplicação da força bruta )

Anónimo disse...

Num estudo de 8 de Dezembro de 2016, Eugénio Rosa demonstra que:

"1) Em Portugal, o nível de escolaridade da maioria dos patrões é inferior à dos trabalhadores (55,8% têm o ensino básico e apenas 21,7% o ensino superior, enquanto os trabalhadores 45,5% têm o ensino básico e 27,2% o ensino superior);
(2) Na UE o nível de escolaridade dos patrões é muito superior à dos patrões portugueses (apenas 17,5% têm o ensino básico);
(3) A baixíssima escolaridade dos patrões portugueses constitui um obstáculo sério à recuperação económica e ao desenvolvimento do país mas, apesar disso, ninguém fala nem se preocupa"



Jose disse...

A falta de instrução dos patrões portugueses é um factor essencial à dinâmica empreendedors.
Se conhecessem todos os circunstancialismos daquilo em que se metem provavelmente pensavam noutra qualquer solução para as suas vidas.
Desde a comunada ao politicamente correcto são classificados do pior que pode ser-se em sociedade, e o Estado e os Tribunais sempre os acompanharão para que entreguem o que sempre é suposto ter sido roubado.

Anónimo disse...

Desde a comunada ao politicamente correcto? Mais o estado e os tribunais?

E o das 09 e 55 assume-se como antítese dos comunas. E como politicamente incorrecto?

Pede-se ao sujeito em causa para se deixar de choraminguices e pieguices. O Estado foi posto ao serviço, não ao dso trabalhadores ou das pequenas e médias empresas mas ao serviço do grande patronato. De resto a posição de defesa da concentração do capital há muito que tem sido um dos leit-motiv do das 9 e 56.
E não há fiscais para acompanhar os desmandos dos patrões

Alguém já perguntou: não há nenhum estudo sobre a iliteracia dos peritos ao serviço da CIP , pois não?

Anónimo disse...

Mas aquilo que diz o sr Jose justifica alguma coisa do denunciado por aqui?
Circunstancialismos e patati-patata