domingo, 21 de outubro de 2007

Não podemos parar à porta da empresa

«Se os milhares de funcionários de um banco pedirem aumentos, dir-se-á que o banco perde competitividade. Se um cliente não pagar a prestação do empréstimo, o banco fica-lhe com a casa. Se o estado quiser aumentar os impostos sobre os lucros da banca, responde-se que os prejudicados serão os clientes com os gastos que o banco terá de ir buscar 'a algum lado'. Mas para aumentar executivos e perdoar dívidas a familiares ou sócios, as premissas são as opostas. Os lucros dão margem e ninguém sai prejudicado: nem os accionistas, nem os clientes do banco, nem os clientes de todos os bancos onde as comadres não se zangaram mas que passam a estar sob as suspeitas que no BCP se confirmaram. É magia. E por isso mesmo, não funciona».

Este artigo de Rui Tavares diz o essencial sobre o que está em causa no caso BCP. Vale mesmo a pena ler tudo. É bem verdade que uma das grandes fragilidades do neoliberalismo é parar à porta da empresa privada. Essa grande «caixa negra». Os neoliberais param precisamente onde começa uma parte importante da vida da maioria das pessoas. Uma parte que ainda por cima acaba por determinar aquilo que elas vão poder ser e fazer na restante. Eles têm as suas razões. É que os liberais (como John Stuart Mill) que se atreveram a entrar saíram de lá socialistas.

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