sábado, 29 de dezembro de 2007

Agora diz que é a cultura

«O BCP em lugar de mudar a cultura da gestão em Portugal, deixou que a cultura portuguesa mudasse a sua gestão» (Pedro Pita Barros no Diário Económico). É sempre a mesma cantiga quando as taras do capitalismo financeiro português são reveladas. Os economistas convencionais fazem de tudo, até mobilizam argumentos ‘culturalistas’ totalmente arbitrários, para iludir o essencial: as responsabilidades de gente que acumulou poder e dinheiro e que usou todos os recursos proporcionados pelo capitalismo global para acumular ainda mais dinheiro. A ideologia da «criação de valor para o accionista» e da necessidade de robustos incentivos pecuniários, destinados a alinhar os interesses da gestão com os interesses dos accionistas, são parte do mesmo problema. Até porque os milionários rendimentos desta gente foram durante anos justificados com recurso a esta ficção mercantil. A sua reciclagem - ‘falhámos porque ela não foi aplicada com suficiente afinco’ - está em curso. Tarefa de economista, tarefa de ideólogo.

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