quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O plano B da The Economist para Portugal

Portugal deve ter um plano B caso a sua economia seja contaminada pela crise económica dos Estados Unidos e na União Europeia mesmo que isso implique mandar a a consolidação orçamental para as urtigas. Basicamente é isto que Nenad Pacek, o organizador da conferência a "The Economist" que se realizou esta semana em Portugal. "Se houver um abrandamento profundo da economia, talvez seja sensato prever nesse 'plano B' um acréscimo temporário de gastos públicos e de estímulos orçamentais".
O homem não tem medo das palavras e diz mais à frente, em entrevista ao Jornal de Negócios: "Se a conjuntura se deteriorar fortemente, e esse é um cenário que não pode ser descartado, o único instrumento que o Governo tem em mãos é a política orçamental e fiscal". Pacek dá como exemplo a redução de impostos e o lançamento de um "programa de obras públicas para manter a procura dinâmica". E finalmente, chega à blasfémia: "Não veria nada de errado se, por exemplo, o Governo em 2008, por causa da conjuntura externa, decidisse esquecer o limite [do défice orçamental] de 3% [do PIB] e o deixasse chegar aos 4%, desde que se tratasse de uma medida temporária".
Perante a perplexidade da jornalista, Nenad Pacek recorda que "esta é uma resposta normal em tempos de crise". A jornalista acrescenta que "é a velha receita keynesiana" ao que o economista pivot da conferência The Economist responde com naturalidade: "sim, e é uma boa receita. Os Estados Unidos estão a tentar fazer o mesmo". Se fosse um português a dizê-lo (como os ladrões têm feito aqui exaustivamente) punham-lhe o carimbo de "esquerdista e radical irresponsável" e ninguém o levava a sério. Mas assim pode ser que alguém dê ouvidos a este sensato conselho.

1 comentário:

Anónimo disse...

EE de facto extraordinaario que tem que vir gente de fora para percebermos o presente envenenado que o pacto de estabilidade ee...

EE de facto extraordinaario...

O Pasinetti tem um paper exactamente sobre isto...