segunda-feira, 12 de maio de 2008

O governo como emblema

«O governo acabará por ser visto como o emblema de um país desigual e incapaz de prover um mínimo de bem-estar social e de dignidade social a todos os seus cidadãos». Manuel Carvalho em editorial do Público. A crise socioeconómica prolongada amplia a pobreza e as desigualdades e revela a extensão da complacência governamental. Num contexto de desemprego elevado, salários cujo crescimento não assegura sequer a manutenção do poder de compra e prestações sociais insuficientes, a subida do preço dos alimentos, que afecta sobretudo os mais pobres, impõe escolhas trágicas a muitos. O Público de ontem tem um conjunto de trabalhos (I, II e III) que nos dão um retrato realista da pobreza e do que acontece quando o combate às desigualdades não faz parte da agenda das políticas públicas. Fez apenas falta o contraste com a opulência crescente de uma importante minoria. As duas coisas estão profundamente imbricadas. No curto prazo, a sugestão de João Ferreira do Amaral parece ser da mais elementar sensatez: «a entrega de subsídios à alimentação». É que a eufemística redução da procura, parte do suposto «reequilíbrio» dos mercados, significa apenas que muitos mais cidadãos ficarão privados dos bens essenciais à vida.

25 comentários:

Filipe Melo Sousa disse...

Pelo contrário. O aumento do custo dos alimentos é consequência de um maior número de pessoas com poder de compra para poder consumir leite, carne e cereais.

A esquerda sempre teve fome de miséria. Mas o seu campo esgota-se. Malefícios da globalização neoliberal :)

Anónimo disse...

Ah pois

Sérgio Pinto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sérgio Pinto disse...

O aumento do custo dos alimentos é consequência de um maior número de pessoas com poder de compra

Filipe,

Tal como o Nuno Teles (ou qualquer outro economista) indica no artigo seguinte, há uma panóplia de factores que levam ao aumento dos preços.

E tendo em conta o estudo indicado, que aponta para um aumento da pobreza a nível mundial, o seu comentário sobre a "fome de miséria da esquerda" torna-se bastante absurdo, não acha? Bem, se calhar o Ivanic e o Martin são bloquistas disfarçados...

Filipe Melo Sousa disse...

Não sei quem são os tais de Ivanic e o Martin. Nem o argumento da autoridade é relevante para a discussão. Apenas constato que o consumo, a produção, e os preços aumentam no espaço de um ano. Sinais de vacas gordas.

L. Rodrigues disse...

Vacas tão gordas que há mais gente em risco de fome. mas aparentemente estes paradoxos não fazem confusão ao filipe sousa.
Quem não tem dinheiro não tem vicios, ou privilégios socialistas, como comer uma refeição que seja por dia.

Filipe Melo Sousa disse...

que há mais gente em risco de fome

...porque o l.rodrigues assim o disse. se ele dissesse que estava de noite de dia, também o seria

Sérgio Pinto disse...

Filipe,

Ivanic e Martin estão ligados ao Banco Mundial que, como é do conhecimento geral, é uma organização promotora do socialismo e amplamente financiada e admirada pela Esquerda, em particular pelo BE.

Quando você larga um absurdo destes Apenas constato que o consumo, a produção, e os preços aumentam no espaço de um ano. Sinais de vacas gordas., só posso concluir que quer meter o argumento da autoridade debaixo do tapete porque não faz a menor ideia do que está a dizer. Suponho então, pelo seu elaboradíssimo raciocínio, que o Zimbabué seja o modelo a seguir por todo a mundo - parece que taxas de inflação de 1000% fazem os preços subir consideravelmente de um ano para o outro, o que para si será um maravilhoso sinal de prosperidade.

Acha que o Nuno Teles (e praticamente todos os outros economistas do planeta) está errado? Que tal tentar apresentar UM ÚNICO argumento, coisa que ainda não fez até agora?

Filipe Melo Sousa disse...

qual foi a parte de o consumo, a produção, e os preços que você não entendeu?

Sérgio Pinto disse...

E qual foi a parte do aumento de pessoas expostas à pobreza que você continua sem perceber? Percebe a incompatibilidade entre isso e o que vem debitando ou nem por isso?

Qual é a parte de ARGUMENTAR e FUNDAMENTAR que você continua, lamentavelmente, sem conseguir perceber?

Filipe Melo Sousa disse...

Ó homem, você diz que o consumo de alimentos não aumentou, o que há para argumentar consigo?

Sérgio Pinto disse...

Quando não há argumentos, segue-se invariavelmente a mentirazinha reles. Quer fazer o obséquio de transcrever a passagem em que eu me pronuncio sobre um aumento ou diminuição do consumo de alimentos?

Continuo à espera que explique que a crise alimentar resulta apenas de um maior bem estar geral (e que concilie isso com o estudo referido). Vai ser uma looooooonnnnnga espera, não vai?
Ah, e suponho que a solução para baixar os preços seja acabar com os subsídios agrícolas, não?

L. Rodrigues disse...

Sou eu que digo?
Não sou, mas se eu citar especialistas na matéria com dados do terreno, vai dizer-me que argumentos de autoridade isto e aquilo...
Se o lembrar do Senegal e do Haiti, vai ignorar.
Se fizer notar que estes preços favorecem os agricultores mas que a população mundial é maioritariamente urbana, e também os seus pobres, isso não vai ter significado nenhum para os seus neurónios.
É tudo natural, há uns que ficam por cima, outros por baixo e eles que se danem.

Sérgio Pinto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Filipe Melo Sousa disse...

e suponho que a solução para baixar os preços seja acabar com os subsídios agrícolas, não

Sim, e as barreiras alfandegárias também. Basicamente acabar com a PAC.

Mas consigo não vale a pena argumentar. Diz-me que os chineses foram para a cidade ganhar o triplo, para depois em vez de comer mais, passar fome. Enfim, se você não entende, não sou eu quem lhe vai explicar.

Sérgio Pinto disse...

Um outro estudo (Hertel, Keeney, Ivanic e Winters), motivou uma resposta de um deles (Hertel), juntamente com Martin, do estudo mencionado anteriormente. O texto completo pode ser consultado aqui -http://rodrik.typepad.com/dani_rodriks_weblog/2008/05/food-prices-and.html - mas eu deixo-lhe o sumário, para ver se você começa a interiorizar alguma coisa:

In summary, the HKIW work (taking into account both of their recent papers) and the I-M paper are remarkably consistent. Both find that higher prices for staple foods in developing countries will tend to raise poverty. Of course, the specifics depend on the source of these higher prices. Ivanic and Martin are silent on this point, while HKIW consider a variety of sources for price changes, including: elimination of rich country agricultural export subsidies, reductions in rich country farm support, and agricultural tariff cuts in rich and poor countries.

The current commodity crisis is precipitated by other factors, including record-low stocks, adverse weather events and biofuel mandates. Our work does indeed suggest that this “perfect storm” in commodity markets bodes ill for the world’s poorest households.

Sincerely,

Thomas Hertel, Purdue University: hertel@purdue.edu

Will Martin, The World Bank: wmartin1@worldbank.org

Sérgio Pinto disse...

Sim, e as barreiras alfandegárias também. Basicamente acabar com a PAC.

Dado os vários estudos que existem que afirmam EXACTAMENTE o CONTRÁRIO, não sou só eu que não percebo. O próprio Banco Mundial, no seu World Development Report de 2008 (página 106) também não percebe. Mas é normal, a distribuição da inteligência é assimétrica e ficou, claramente, concentrada no senhor Filipe Melo Sousa.

Alguma coisa a rebater ou vai continuar a refugiar-se cobardemente na mentirazinha e na desonestidade intelectual?

Filipe Melo Sousa disse...

os vários estudos que existem que afirmam exactamente o contrário

O papel aceita tudo. Recomendo-lhe a secção de ficção científica. Vejo que é apreciador.

Sérgio Pinto disse...

Exacto, estudos feitos por economistas e relatórios do Banco Mundial são ficção científica, uma vez que a realidade é determinada pelas crenças de senhor Filipe Melo Sousa.

Alguma coisa a apontar aos estudos? Rebata! Ah, pois, desculpe, esqueci-me que não é capaz e que o seu liberalismo se esgota nas liberdade de ser intelectualmente desonesto em qualquer debate.

Filipe Melo Sousa disse...

Rebater o quê? Os estudos apontam para um aumento do consumo. Rebata-os você.

Sérgio Pinto disse...

Desonesto, mais uma vez. Falei de aumento de pobreza e de formas de subir ou baixar os preços, não de variações de consumo. Como de costume, tudo o que vocè disse foi rebatido e CLARAMENTE DESMENTIDO, tanto nos seus delírios quanto à forma de descer os preços como quanto ao impacto sobre a pobreza do aumento do preço dos bens alimentares.

Alguma coisa de relevante a acrescentar?

Filipe Melo Sousa disse...

Caro amigo,

http://images.google.pt/images?um=1&hl=en&q=world+wheat+production&btnG=Search+Images

Diga-me lá em que sentido (ascendente ou descendente) evolui a produção mundial? Em que mundo vive você? Eh eh.. não deve ser neste de certeza.

Sérgio Pinto disse...

Deixe-se de tretas, eu nunca mencionei o que quer que fosse sobre o sentido da evolução da produção.

Mencionei, isso sim, o aumento da pobreza e questionei-o quanto aos efeitos do aumento dos preços. Você, simplesmente, continuou a insistir em delírios não fundamentados que, só por acaso, vão contra o que quem estuda o assunto diz. Confrontado com os dislates, assobia para o lado e limita-se a dizer que a realidade é um perfeito decalque das suas crenças. Brilhante! Em caso de dúvida, metam qualquer método científico no bolso e perguntem ao Novo Oráculo, a. k. a. Filipe Melo Sousa.

Filipe Melo Sousa disse...

Vejamos a cascata causal:

Globalização neoliberal => Crescimento económico => aumento da produção => maiores rendimentos => maior consumo => aumento das compras de bens alimentares => pressão sobre os preços

Nitidamente, não é sinal de aumento da pobreza.

Sérgio Pinto disse...

Pois, exacto, assobie para o lado. Falam-lhe de batatas e você começa a perorar sobre buracos negros. Tem razão, faz todo o sentido. Escusa de expor mais ao ridículo, acho que já se tornou perfeitamente evidente que você se limita a reproduzir os a mesma cassete vezes sem conta, embora nem saiba exactamente o que diz. Mas como alguém lhe garantiu que é essa cantiga que tem de papaguear, isso basta-lhe.
Lamento, mas está longe de ser caso único e o método nem é inovador.