terça-feira, 3 de junho de 2008

E se a PAC for parte da solução?

«Mas é incontornável constatar o carácter nocivo e insustentável de uma política agrícola comum europeia, fortemente restritiva da produção e persistentemente proteccionista face aos preços nos mercados internacionais» (editorial do DN). Apesar das críticas que possamos fazer à Política Agrícola Comum da UE, uma coisa parece ser certa: se não existissem mecanismos de controlo da volatilidade de preços, subsídios e apoios à produção, os preços a nível mundial estariam a subir muito mais. Veja-se sobre isto a elucidativa posta do economista Dean Baker. Aliás, vale a pena também recordar o que o Nuno Teles já escreveu aqui: «a prescrição liberal nos mercados agrícolas foi exactamente a solução apontada para o aumento dos preços dos bens alimentares quando a sua queda não parecia ter fim. Como bem assinala o economista Dan Rodrik, o Banco Mundial avaliava, em 2006, entre 2 e 20% o aumento dos preços resultante de uma total remoção das barreiras alfandegárias aos produtos agrícolas». Que fazer? Ajudar a criar uma, duas, muitas PACs nas regiões menos desenvolvidas: segurança alimentar, aumento dos investimentos públicos na agricultura e ajuda e cooperação internacionais. E já agora esperar que a ronda de Doha, que prossegue a liberalização assimétrica das trocas internacionais, fracasse. Como se argumenta neste estudo, os seus benefícios são muito reduzidos e os seus custos são consideráveis para os países em vias de desenvolvimento.

3 comentários:

Pedro Viana disse...

Concordo inteiramente com o post.
Aqui podem ler mais uma detalhada descrição do que aconteceu a países que seguiram a receita neo-liberal e abdicaram de ser auto-suficientes em termos alimentares:

http://www.alternet.org/workplace/85983/

Zé Bonito disse...

Pergunta: será que a única alternativa possível às medidas liberais, são as da PAC?

Ricardo G. Francisco disse...

VAmos mais longe!!!

Vamos imitar os êxitos de países que levaram a colectivização da produção agrícola a sério, ignorando a ortodoxia!!!!

Depois se for preciso, os nossos líderes, baseando-se em pareceres de economistas não ortodoxos, farão planos de racionamento justos e equitativos. Em frente camaradas!!!