segunda-feira, 28 de julho de 2008

É preciso quebrar o «Consenso da Almirante Reis» II

Em Portugal, o discurso económico dominante no debate público fala muito pouco de política industrial, entendida como conjunto de politicas públicas que podem contribuir para a transformação da estrutura da nossa economia. Até uma parte da esquerda parece achar que são os economistas ortodoxos, como Olivier Blanchard do MIT, que devem definir os termos do debate económico. Estes falam de produtividade como um resultado mais ou menos misterioso que se extrai de uma função de produção. Tudo o que importa esconde-se nesta «caixa negra». Vejam esta posta do Ricardo. As análises históricas, institucionais e sectoriais mais detalhadas e informadas ficam mesmo para outros. No fundo, para Blanchard só os salários contam e a competitividade ganha-se apenas pela sua contracção permanente. De resto, Portugal, diz Blanchard, tem que se conformar com as suas tradicionais vantagens comparativas. Esqueçam as tecnologias. Onde é que já se viu? A aprendizagem tecnológica, o impulso para o aumento das qualificações e o poder de mercado ficam para outros. Aproveitem o sol e os salários cada vez mais baixos: Florida da Europa. É isto que os economistas, patrocinados pelo consenso do Banco de Portugal, nos vendem há demasiado tempo.

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