domingo, 12 de julho de 2009

Não aprender... (II)

Têm aparecido alguns sinais de estabilização da economia mundial – coisa muito diferente de recuperação, já que significam somente que a economia não continua a cair a pique – e já as primeiras vozes se levantam contra as “laxistas” políticas monetárias e fiscais. Claro está, porque a rápida recuperação é, para estas cabeças, um facto inelutável do capitalismo. Depois deste percalço que é a maior crise desde a Grande Depressão, tudo como dantes no quartel de Abrantes...

Esta vontade de regressar ao status quo ex ante é particularmente grave quando países, como a Alemanha, pretendem inscrever o princípio dos orçamentos equilibrados na sua constituição, precisamente no momento em que o seu défice bate recordes históricos. Como assinala este artigo de Wolfgang Munchau não existe qualquer racionalidade económica por detrás deste objectivo. Seria gravíssimo se tal realmente acontecesse para toda a economia europeia. Sinceramente, penso que tal medida, a ser seguida, será abandonada perante a mais leve crise económica. A história do morto Pacto de Estabilidade mostra bem quanto valem estas “regras de ouro”.

Ainda assim, vale a pena ler este artigo de Christina Romer, conselheira de Obama, onde se explica como depois de uma recuperação notável da economia norte-americana nos primeiros anos de voluntarismo fiscal e monetário da presidência Roosevelt, a economia entrou em recessão em 1937. Políticas fiscais e monetárias restritivas foram as culpadas desta reversão do crescimento antes verificado. De particular interesse é o caso da política monetária. O Federal Reserve (banco central norte americano) começou a ficar preocupado com as imensas reservas acumuladas pelos bancos depois de anos de politica monetária expansionista, algo que também hoje se verifica. Políticas mais restritivas, como o aumento das reservas obrigatórias, foram então seguidas. Contudo, a memória da depressão ainda estava fresca e os bancos reagiram, aumentando as suas reservas voluntárias e reduzindo o crédito. O resultado foi o prolongamento da Grande Depressão.

1 comentário:

Filipe Melo Sousa disse...

Olha, é o sr estado, a comer o sr contribuinte.