sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Por favor não votem nos ladrões!


A cleptocracia (se existisse) seria o sistema político que passaria a existir no dia em que alguns ladrões tomassem o poder. No comando, os ladrões aprovariam leis que obrigariam todos os outros menos a eles próprios.
A Itália, por exemplo, ainda não é uma cleptocracia: parece que ainda existe um tribunal constitucional que impede que exista uma lei da imunidade feita à medida de um candidato a cleptocrata particular.
Oeiras, por exemplo, ainda não é uma cleptocracia, já que há sentenças que ainda não transitaram em julgado.
Tenho dificuldade em compreender como é que alguém pode desejar viver numa cleptocracia. Mas a verdade em que em Itália, por exemplo, o candidato a cleptocrata foi eleito e que em algumas autarquias portuguesas algo semelhante pode vir a acontecer.
Que me desculpem os meus colegas de blog por qualquer mal entendido que possa haver (especialmente o que é candidato) mas o meu apelo para Domingo é: cleptocracia é que não!

2 comentários:

Dias disse...

Obviamente.
Mas fosse a justiça célere e cega e já o mal teria sido cortado pela raiz. A democracia não se esgota no direito ao voto, no acto da votação dos eleitores, nas suas escolhas. Só uma democracia aparente permitirá legitimar o poder a indivíduos para quem não existem deveres, colocando-os num plano de inimputáveis.
Enfim, resta-nos o pouco que temos, um apelo singelo: “Não votem em ladrões”!

Pedro Sousa Silva disse...

Mas então, o que define o ladrão é uma sentença transitada em julgado? O bloqueio do lodo Alfano é mais significativo do que alguém conseguir comprar, com campanhas de marketing, um cargo de Primeiro Ministro para evitar os processos judiciais que o perseguem?
Ninguém toma o poder através dos sistemas políticos; por definição, os sistemas políticos são desenhados por aqueles que estão no poder (quer cheguem lá pela força, quer já la estivessem) para que nele se possam perpetuar.
A democracia (pelo menos *esta* democracia) não é diferente do feudalismo ou de qualquer outro sistema neste aspecto. Apenas é mais perigosa porque cria no "cidadão" a ilusão de que há uma responsabilidade individual para um bem colectivo, e que essa responsabilidade é exercida no voto. Enquanto meio de convencimento de massas é genial porque, por um lado, convence as pessoas de que a sua opinião faz a diferença, por outro, cria um estigma de auto-censura (tão evidente nos nossos dias) que leva cada um a sentir uma parte de responsabilidade pelo (mau) estado das coisas.
O nosso sistema democrático é totalmente falso porque nos dá a possibiliade de escolher entre o bom, o assim-assim e o menos-mau. Mas que opção temos quando o "menos-mau" dos outros é o inaceitável para nós?
Um verdadeiro sistema "democrático" teria necessariamente de assentar na premissa de que é legítimo expressar a inaceitabilidade das opções e que esta deve ser representada por cadeiras vazias nos órgãos políticos. É claro, diriam muitos, que isso tornaria os órgãos ingovernáveis; mas é precisamente isso que demonstra não ser democrática a nossa democracia.
1984 é hoje.

Gosto muito de o ler, sempre tão curto e clarividente.

abraço