quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Oferta que cria a sua procura?

“O Estado português tem vindo a ser desmantelado pelas privatizações, resultado da importação pacóvia de uma ideologia liberal.” João Confraria no último Expresso da Meia-Noite na SIC-Notícias, que contou também com Carlos Figueiredo, Miguel Frasquilho e Henrique Neto. Raras vezes se assiste a isto na televisão e por isso mais vale referir tarde do que nunca. Estado predador ou Estado estratego? A questão não desaparece. Espero que debates como este se possam repetir. Um debate não é um plano inclinado.

Gostei de ver Henrique Neto contestar as certezas “estatísticas” de Miguel Frasquilho, a propósito da necessidade de “flexibilizar” ainda mais as regras laborais. Neto, um arguto observador com ampla experiência industrial, defende que tal não é necessário, a não ser que queiramos continuar na mesma mediocridade económica. Uma lição de economia institucionalista a reter: as regras laborais exigentes são uma arma da modernização económica. Neto assinalou ainda a falta de rumo deste governo em termos de política industrial. Captura pelos sectores rentistas?

Enfim, parece haver espaço para algum debate económico na SIC-Notícias, para além da vulgata catastrofista dos Medina Carreiras: a tonteria com eco televisivo vende “livros”, mas estou certo que os verdadeiros debates, aqueles onde diferentes visões se confrontam, resultam melhor. A pergunta de Pedro Lains parece-me insuficiente: “Por que é que Medina Carreira e Ernâni Lopes têm tanta audiência?” Talvez a questão esteja mais do lado das decisões de oferta televisiva, que, em certa medida, alimentam a sua própria procura e a dos outros suportes…

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