segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

As escolhas de Cavaco

"Cavaco Silva prescindiu do vencimento atribuído ao PR e escolheu manter as reformas a que tem direito. Há algo de errado nisto. Mas o quê?" (José Medeiros Ferreira, Córtex Frontal)

Tem razão Medeiros Ferreira, isto faz comichão na cabeça. Será a sobreposição do homo economicus (stricto senso), ao homo politicus? A transcendência das escolhas simbólicas e coerentes ultrapassada pelo pragmatismo individualista? O merceeiro Aníbal (reformado) a impor-se ao presidente Cavaco (em exercício)?

10 comentários:

rui fonseca disse...

"O merceeiro Aníbal (reformado)"

Nuno Serra, o que é?

Dignidade na linguagem valoriza a argumentação.
O contrário desclassifica-a.

Não se esqueça o Nuno Serra que, com este seu insulto, insulta milhões de portugueses. Que acreditam na democracia mesmo que se tenham abstido, como foi o meu caso.

Uma linguagem canalha é própria de uma sociedade canalha e nunca de uma sociedade democrática.

Nuno Serra disse...

Caro Rui Fonseca,
Conhecerá certamente a expressão "contas de merceeiro". É ao sentido dessa expressão, como creio facilmente se depreende do contexto do post, que se pretende aludir. E não, obviamente, tecer qualquer insulto aos merceeiros.

rui fonseca disse...

É pouco digno da sua parte esgueirar-se por um caminho esconso.

De qualquer modo, se o seu visado faz contas de merceeiro o que é que o Nuno Serra faz de conta?

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

O merceeiro Aníbal não diminui o homem, o trabalho não diminui ninguém, pelo contrário

Mesmo que seja ou tenha sido relativamento inepto nos seus vários cargos

Utilizar uma expressão para menorizar toda uma profissão e agigantar outras

a própria expressão é reveladora da força dos estereóticos

Contas de merceeiro

Todos os jornalistas são vendidos

todos os políticos são ladrões

o dia dos advogados e economistas

dignidade ?

há dignidade num povo ter sido sugado
em 101 anos de república?

provavelmente há

um povo manso é um bom povo

Dias disse...

É óbvio que o 1º Funcionário do Estado fez umas contas de somar, beneficiando dos privilégios do estatuto de reformado, em contradição com a sua condição efectiva…Contas que não foram feitas com a distanciação exigível para quem desempenha o cargo da máxima responsabilidade política.

Falemos antes do sistema. Antes de mais, na minha opinião muito pessoal, é bizarro que uma pessoa reformada continue a trabalhar, sobretudo quando já aufere rendimentos elevados. Enfim, concedo que sejam concepções diferentes de ver a vida. Não nego que haja reformados que sejam “obrigados” a trabalhar para poder sobreviver, o que também não devia acontecer. O absurdo deste sistema todo deriva também do facto que os “reformados no activo” acabem, em certa medida, por impedir que outros mais novos cheguem ao mercado de trabalho. Insubstituíveis?
O sistema que está em vigor continua desigual e injusto. Mais algumas razões:
- Há reformas em duplicado (não sei se as há em triplicado)
- Não há tectos nas reformas
- Há reformas com acumulação de salários

Maquiavel disse...

Rui Fonseca, se acreditasse realmente na democracia ter-se-ia levantado do seu cómodo sofá para cumprir o seu dever cívico. Votasse branco ou nulo.

Abstendo-se, o que mostra é que acredita na ditadura, acredita que os outros devem decidir por si, aceita seja quem vier. Isso näo é de democrata, é de passivo. E tira-lhe o direito de reclamar.

Logo, a ofensa maior já a fez você, e a si próprio.

O Nuno Serra usa uma expressäo normalíssima, näo vejo nada de ofensivo... a näo ser para os merceeiros honestos!

jvcosta disse...

Esta questão parece-me simples, à primeira vista, ao jeito do Zé. Mas, melhor, não é. Como escrevi no Moleskine, é simples se virmos o Cavaco homem comum, de Boliqueime. É muito mais complicada se quisermos ver coisas difíceis, como sejam a ética política, o sentido de estado, até a pretensão legítima para um chefe de estado de ter o sentido de ficar na história.

Pedro Veiga disse...

O grande absurdo disto tudo é que o nosso querido presidente, tal como um número elevado de funcionários públicos, verificaram que com a reforma ficariam livres da taxa de corte salarial que foi imposta pelo actual governo. Feitas as contas, mesmo perdendo alguns euros na reforma, é melhor não perder umas centenas ficando no activo. Aliás, o lado mais duro destas medidas nem é o valor dos cortes salariais é, sim, o fim das carreiras profissionais para muita gente que se tem esforçado por desempenhar bem a sua profissão. Hoje, muitos funcionários públicos (aqueles que ainda não se podem reformar) ficaram com a sua remuneração congelada para sempre. De hoje em diante só verão o seu actual salário numa crescente desvalorização anual a caminho de uma reforma cada vez mais pequena. Perante este cenário estávamos à espera de quê?

Ana disse...

Qual a actual função de Aníbal Cavaco Silva? Presidente da República, pois que receba o vencimento a que tem direito.
Reformas superiores ao vencimento de presidente, é errado.
O homem é só um, mas tem direito a duas reformas, errado.
Um individuo, uma reforma, e no máximo 90% do vencimento de Presidente da República.
E para não falar das reformas de sobrevivência. Faz sentido pessoas com excelentes reformas ainda terem direito a 60% da reforma do conjuge?

Anónimo disse...

O dinheiro que o estado poupa, dá para pagar ene reformas mínimas. Ainda bem que começa a haver um pouco mais de moralidade.