quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Queda livre


O afundamento da Espanha e da Itália no turbilhão dos mercados até não era difícil de prever. Deixados de fora do redil onde se queria confinar a Grécia, a Irlanda e Portugal, sem fundos no Fundo para eventuais emergências, estes dois grandes países tornaram-se mais apetecíveis para os predadores.

Agora a Europa está assustada outra vez. No último susto, deu alguns tiros, mas fracos e pouco certeiros. Agora ainda dispõe de munições mas ninguém sabe se está de férias e onde, e mesmo que não esteja se alguma vez será capaz de se por de acordo para fazer o que todos sabem ser preciso.

A única coisa que lhes ocorre é a preguiçosa consolidação orçamental em passo de corrida. O que precisávamos era do contrário: de investimento e de criação de emprego. E o investimento neste momento só pode ser público. Até os “mercados” neste momento parecem ter percebido isto e desconfiam ainda mais de cada vez que é anunciado um novo pacote de austeridade.

A maior parte de nós ainda acredita que há alguém “a tomar conta disto”. A minha sensação, pelo contrário, é a de que estamos a entrar em queda livre. A tripulação está em pânico. Devíamos substitui-la.

7 comentários:

jvcosta disse...

Gralha? No primeiro parágrafo, não quis escrever "Grécia, Portugal e Irlanda"?

José M. Castro Caldas disse...

Obrigado JVC. Corrigido.

Tomás Guevara disse...

" A tripulação está em pânico. Devíamos substitui-la."
Na mouche

Anónimo disse...

Qualquer alternativa ao pleno emprego ou ao rendimento para todos será uma alternativa injusta e imoral, ainda há os que acreditam que se voltarmos a como estávamos "antes" da crise é bom ou suficiente, esta visão é inaceitável. A pergunta que se impõe é qual será a melhor forma de substituir alguém em "democracia"? as pessoas parecem começar a perceber que vivem pura e simplesmente numa ditadura económica, a ditadura da democracia também legitima isto, sim porque se a "maioria" entender que têm de haver vitimas para um amanhã melhor é isso que razoavelmente terá de ser feito.

Tomás Guevara disse...

“Os movimentos populares só são justos quando a tirania os torna necessários”

Jornal La Montagne, 1793


Em 1793....

Agora mais do que nunca são justos

Pedro Veiga disse...

Com a Itália e a Espanha não se brinca. Se estes forem ao fundo o projecto do euro se desmoronará e, por arraste, a economia mundial poderá ser muito afectada. Estaremos à beira de uma depressão financeira mundial?

João Carlos Graça disse...

Capitão Willard: "Who's the commanding officer, here?"
Soldado: "Ain't you?..."
(Francis Ford Coppola, Apocalypse Now, cena da ponte, durante a subida do rio)