segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sobre fraudes, ameaças, ameaças fraudulentas e fraudes ameaçadoras

1. Rui Peres Jorge sublinha bem como a austeridade está inscrita nas regras do jogo europeu, entre as quais está o pacto orçamental, o que, na perspectiva da política orçamental, faz com que não possamos esperar nenhuma alteração relevante neste quadro, seja num programa cautelar, num resgate ou noutra coisa qualquer, expondo indirectamente a fraude do sobressalto soberanista que percorre uma parte das elites do poder num país sem instrumentos de política relevantes.

2. A The Economist está preocupada com a deflação à japonesa, que ameaça a zona euro, em geral, e as suas periferias endividadas, em particular, que isto do desenvolvimento desigual é uma realidade em todos os campos, vítimas de um fenómeno que aumenta o fardo real da sua dívida. O enviesamento deflacionário das políticas inscritas no euro, a forma como beneficia os credores, é conhecido há muito e a interacção perversa entre dívida e deflação, o segredo de todas as grandes depressões ou estagnações, também.

3. A Comissão prepara-se para abrir uma investigação, que se diz aprofundada, à Alemanha devido aos seus excedentes sistemáticos e elevados de balança corrente. O governo alemão deve estar mesmo preocupado com uma suposta pressão, que, a existir, só pode ser de "natureza moral", digamos, ao contrário das formas de pressão imorais que o centro exerce na periferia. A natureza assimétrica dos ajustamentos, no centro e na periferia, aí está a revelar a natureza assimétrica do poder nas relações económicas internacionais e o preço que os países menos desenvolvidos pagam por ficções europeias, como a da partilha de soberania no campo monetário e não só.

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