quarta-feira, 28 de maio de 2014

As palavras são importantes

1. Serviços do Estado numa lógica de “centros comerciais” e “mercearias de bairro”, anuncia Poiares Maduro. Isto pode parecer um detalhe, mas há palavras que anunciam todo um programa de desigualdade e de corrosão de práticas e de bens públicos. De facto, a aplicação da metáfora comercial aos serviços públicos, onde se inclui a transformação do utente em cliente, precede e acompanha a perversão real da sua lógica. É a passagem da desmercadorização de amplas áreas da provisão, associada à promoção da igualização de capacidades, para a iníqua mercadorização, traduzida na criação de barreiras pecuniárias no acesso e na abertura de novas áreas de negócio para grupos capitalistas predadores.

2. O governador do Banco que não é de Portugal veio pela enésima vez repetir uma conversa que oscila entre a banalidade do gerir melhor os recursos, a tradução para português do que se diz no BCE sobre o cumprimento do programa de salvação da banca europeia na periferia e o esforço para parecer profundo, usando muitas vezes a palavra estrutural, sendo que esta serve apenas para inventar avanços, para ofuscar regressões, para naturalizar o desemprego de massas e a inexistência de uma política económica orientada para o pleno emprego: “no âmbito da transformação estrutural em curso, é difícil estimar o impacto da reafectação de recursos no desemprego estrutural”. Mais palavras para quê?

3 comentários:

Jose disse...

Bom mesmo é como está!
Melhor ainda é se for como sempre foi!
A reacção à mudança é o caminho seguro para um futuro melhor - dogma primeiro do reaccionário!

Anónimo disse...

Bom mesmo como está?
Como é possível alguém dizer isto?
Vejmaos.Arruina-se o país.
A direita trauliteira, caceteira, neoliberal dá cabo de Portugal e dos que nele trabalham,mais os que já trabalharam.
Depois alguém vem perguntar se isto está bom como está?
Um pretexto para mais um prego no caixão?

Como saltar da frigideira para o fogo e ainda por cima vir-se vangloriar dessa "liberdade de escolha" a caminho do paraíso perdido neoliberal?
Ou o reaccionarismo escondido por debaixo da hipocrisia com o convite inqualificável à" mudança para melhor" quando o que está em causa é também a dignidade das pessoas e dos seres?

Os escravos eram convidados nalgums locais a aceitar a canga porque um futuro melhor os esperava: não morrer à fome.
Outros convidarão à hipoteca do futuro e da dignidade humana

Bom como está?
Definitivamente não.Por isso é urgente o correr com este governo e o ajustar contas com esta gente sem escrúpulos e decididamente governando em nome do capital mais predador

Basta!

De

Dias disse...

“…nos serviços públicos vai permitir que os privados contratados para os gerir”

Mais um “nicho de mercado”?! Em vez de parasitarem serviços públicos, que tal usarem a imaginação e investirem na criação de riqueza? Esta gente, Poiares Maduro & Cª, ao quererem virar serviço público em negócio, só podem desvirtuar e piorar o serviço público. À imagem da EMEL, é de temer tais “serviços públicos”…