quinta-feira, 9 de junho de 2016

Depositar quatro notas gerais sobre a caixa


1. O governo está planear uma nova injecção de capital público na CGD. Fala-se em cerca quatro mil milhões de euros. Uma das vantagens de um polo público bancário é a maior transparência democrática. O público tem de saber as razões para tal operação e tem de as poder debater com todo o detalhe. É aqui, na escala nacional, que está a democracia e caixa é banco público e logo nacional.

2. Outra das muitas vantagens potenciais de um polo público na banca é poder dar sinais que contrariem esse escândalo que são as remunerações dos gestores de topo, filhas da ideologia do valor accionista ou da ficção de que uma organização complexa depende de indivíduos providenciais. Para lá da fiscalidade, cujas taxas marginais de imposto, de resto, devem poder fixar uma espécie de rendimento máximo para todos, os gestores devem estar sujeitos à lei e à decência mais rigorosas. Alterar as regras para poder pagar salários milionários aos novos gestores da CGD é um detalhe, mas um detalhe vergonhoso e que transmite sinais vergonhosos numa sociedade vergonhosamente desigual.

3. As regras do mercado interno e o poder discricionário que dão à todo-poderosa e toda pós-democrática Comissão Europeia na área dessa ficção a que se chama concorrência não são um detalhe. No que se refere à injeção de capital público na CGD e noutras empresas, estas regras obrigam os Estados a mostrar que tais operações são de “mercado”, ou seja, que seriam idealmente realizadas por um investidor privado. E isto para que não sejam consideradas ajudas de Estado, sujeitas a todos constragimentos em Bruxelas: “se o Estado investir como um investidor privado o faria, bem isso é excelente para nós e, claro, não é Ajuda de Estado”, revelou recentemente a Comissária para a ficção perversa no que à banca e a outros sectores diz respeito.

4. Nisto, como em outras dimensões desta integração neoliberal, é como se os mercados fossem uma espécie de repositório das virtudes, o que dadas as suas falhas, atestadas pelas crises recorrentes, desde que têm rédea concorrencial solta por estas instituições, é uma hipótese mais do que falível. Estas regras impedem uma política industrial e de crédito digna desse nome, traduzindo-se numa forma de privatização furtiva.

14 comentários:

Anónimo disse...

Rendimentos máximos para gestores, rendimentos mínimos para quem trabalha...


VIVA A UNIÃO EUROPEIA! MAIS UNIÃO EUROPEIA!

Anónimo disse...

Aumentar as remunerações dos gestores de topo de empresas públicas, eliminar entraves paraa sua contenção, é um insulto à população portuguesa.
Isto não é um governo de esquerda, é um governo de CHULOS!

Aleixo disse...

A subtileza utilizada á volta destes assuntos dos bancos (...ou será Banca?! ), mostra a artimanha dos "donos disto tudo":

Antes da "coisa" estoirar, falava-se de Bancos e ...da Caixa (...como se fosse o parente pobre! );

Os Bancos privados é que eram bons...

A integridade e garantia era subalternizada, em favor das rentabilidades oferecidas;

A partir de certa altura, embrulharam os bancos públicos na Banca e, procuravam passar a idéia, de ser tudo igual...

Agora, querem limitar a capacidade do Estado "dono", ultrapassar os constrangimentos...

Um depósito na Caixa, até parece igual a um depósito num outro banco qualquer...

Parece que agora, só há Banca! ( os bancos não querem protagonismo...)

Faltava fazer parecer igual...os administradores!

Como o Governo não tem vergonha - nem vontade! - obedece ao dono de Bruxelas.

Anónimo disse...

Quando começamos a darmo-nos como portugueses já a Bussola que acusa o Polo Magnético funcionava há muito muito tempo e depois desse tempo todo, ainda continuamos sem Rumo Certo…
Agora foi a vez da CGD..?
Não vai sobrar nadinha..?
O cumprimento rigoroso das regras europeias estão em marcha e pelos vistos não temos por onde fugir- Os estrategas da Geopolítica Ocidental- estudaram-na toda…
Não quisemos ou não soubemos defender a mola real do país - a economia – Os Abutres rodopiam a´ espera do último suspiro… mas e´ preciso dizer basta…
‘Somos uma democracia, não um sistema financeiro’. Estas palavras vieram da Islandia
sem custos aduaneiros …de Adelino Silva

Jose disse...

Curioso este processo em que afinal é o público a consumir mais dinheiro dos contribuintes...veremos se há comissão de inquérito.

Anónimo disse...

Ah…as comissões de inquérito…já me lembro…foi uma coisa apresentada para substituir os tribunais…
Será que não conseguem sair desta molenga..? !
Um malfeitor será sempre malfeitor mesmo que digam que não, esta e´ a verdade. Ate dizem que esta´ na constituição…
Como se a Constituição valesse alguma coisa…
Quem trata a saúde da CGD sãos uns senhores em
Berlim, aliás tratam da saúde de todos, pros e contras.
O que nos safa são as festas de Lisboa!
De Adelino Silva

Tavisto disse...

As mudanças operadas no regime salarial da CGD são uma vergonha. Alegar que se trata de uma imposição do BCE, soa tão a falso como quando Passos Coelho invocava o mesmo argumento para justificar as maldades nos cortes salariais da função pública. Não são medidas destas que se esperam dum governo do PS apoiado à esquerda. O Povo não vai nem deve entender, que governar à direita ou à esquerda só se distinga nos pormenores. Abdicar de princípios de moral e de ética republicana, só pode ter como consequências o descrédito na classe política. Depois o que virá?

Anónimo disse...

Fui daqueles cidadãos que foram obrigados a abrir conta na CGD enquanto militar, ate foi o Ministério da Marinha ao tempo, que a abriu… ate´ aqui recebia o vencimento, dito o pré em moeda, o saudoso Escudo… Não gostei nada disso…Tudo que cheirava a imposição era ditatorial – era jovem- com sangue na Guelra…
Hoje, já no fim da linha, continuo a não gostar!
Isto cheira a capitalismo do mais rançoso, e o que dói mais e´ de ser obrigado pelos germanófilos…o ditador esta no centro da “Europa connosco”, como dizia Mário Soares. Malvada Sina..! De Adelino Silva

Jose disse...

O único banco em que o dono - banqueiro - e não um bancário é o gestor, está de boa saúde!

Unknown disse...

O repositório de virtudes tão nefasto que permite e proporciona a vida sem direitos ou conforto que os cidadãos europeus têm que gramar enquanto povos democráticos e progressistas de republicas como a Venezuela... não são obrigados a suportar. Lá a igualdade é levada a sério!!!
Quem nso der a sair do euro e enveredar por um caminho progressista e igualitário, genero Cuba, ahahah

António Pedro Pereira disse...

Ó Cristóvão:
Cuidado com as doses da ganza.
A de ontem à noite foi forte, pelos vistos.
Além de viciar, põe as pessoas a dizer alarvidades sem se aperceberem.
Cuidado....

Anónimo disse...

Estive em Cuba e se gostei de ver a sua natureza já não poderei dizer o mesmo de outras coisas que la vi…foi o que me ficou na retina. Todavia, um criminoso Bloqueio foi lhe imposto pelo Tio Sam – O Imperio ali tao perto – . Mas ainda não percebi o que tem os cubanos/venezuelanos e etc. e tal a ver com os males dos portugueses…que eu saiba a CGD E´ ARBITRADA, por Bruxelas…
Bem, se calhar a mando do mesmo Imperio, adivinhem…
Não sei quem disse que os gestores da banca ganhavam bem, eu e´ que ganho pouco.
De Adelino Silva

Anónimo disse...

Olha a laudatória missa em torno do banqueiro, agora convertido em figura única e imaculada, qual proxeneta a fazer-se passar por virgem.

Enquanto tenta esconder por trás dos "bancários" a responsabilização pelo saque do capital.

Ó das 15 e 59, não tem vergonha? Agora os serventuários principescamente pagos e a servir a sua classe, não fazem mesmo parte dessa mesma classe, partilhando mesa, cama e roupa lavada com os seus sócios e compadres como muito bem sabe o das 15 e 59?

Deve haver aqui algum equívoco.. O mesmo tipo que incensava um banqueiro , o Ricardo Salgado , agora escorraça-o para o fundo do baú? Que falta de coluna vertebral.Que cobardia.

E o mesmo tipo que cantava loas a um trafulha hipócrita e sem escrúpulos , o António Borges, agora classifica-o como "bancário"?Que falta de dignidade e de memória não é mesmo?

Anónimo disse...

Os mercados como uma espécie de repositório das virtudes. E o banqueiro como uma espécie de Virgem a tentar ser vendida desta forma assaz curiosa.

Ámen diria para completar o quadro um que seria o primeiro (se o deixassem) a assumir as virtudes tão religiosas duma inquisição ou dum estado islâmico.